1. Crise da educação da fé na família
Ainda não vai longe o tempo em que na nossa família havia praticamente uma comunidade religiosa espontânea. Os pais tinham a preocupação de educar os filhos na fé e nos valores religiosos em que acreditavam. A fé cristã passava de pais a filhos com naturalidade.
Ainda não vai longe o tempo em que na nossa família havia praticamente uma comunidade religiosa espontânea. Os pais tinham a preocupação de educar os filhos na fé e nos valores religiosos em que acreditavam. A fé cristã passava de pais a filhos com naturalidade.
Hoje damos conta de que os tempos mudaram como mudou a sociedade e o ambiente familiar. São propostos valores novos e desprezados os velhos; a consciência e os costumes sociais modificaram-se notavelmente; algumas certezas transformaram-se em dúvidas. Ensina-se mais facilmente a ocupar os primeiros lugares, a ganhar mais, a ser mais espectacular que os outros.
A pressão social leva a fazer dos próprios filhos personagens de relevo, atletas, homens e mulheres de sucesso, competitivos na sociedade de bem estar. E esquece-se de ajudá-los a adquirir as virtudes que os tornam verdadeiramente humanos e cristãos: a honestidade, a lealdade, a justiça, a bondade, a fé.
O pluralismo cultural da nossa sociedade penetra dentro da família com as mais variadas e contrapostas ideias e modos de viver. Revela-se hoje uma falta geral de comunicação entre as gerações. Os filhos começam a distanciar-se das tradições religiosas e morais dos pais. Os modelos de vida de outrora foram substituídos por outros publicitados com insistência pelos mass-media segundo critérios bem finalizados. Por vezes ouve-se a lamentação de alguns jovens: "não temos modelos adultos dignos de crédito".
Esta situação nova põe-nos interrogações sobre as quais devemos refletir e dialogar:
- É ainda possível e necessário os pais assumirem a responsabilidade da educação da fé dos filhos?
- A maioria dos pais sente essa responsabilidade?
- Que dificuldades experimentam? O que os leva a afastarem-se dessa tarefa?
- É possível viver e testemunhar a fé em família e como família?
2. A missão evangelizadora da família no projeto criador e salvador de Deus
Na celebração do casamento, os esposos cristãos assumem já, perante Deus e a comunidade cristã, a missão da educação dos filhos na fé:
- Que dificuldades experimentam? O que os leva a afastarem-se dessa tarefa?
- É possível viver e testemunhar a fé em família e como família?
2. A missão evangelizadora da família no projeto criador e salvador de Deus
Na celebração do casamento, os esposos cristãos assumem já, perante Deus e a comunidade cristã, a missão da educação dos filhos na fé:
"Está disposto(a) a receber das mãos de Deus os filhos e a educá-los segundo a lei de Cristo e da Sua Igreja?"
De igual modo, na celebração do batismo, os pais renovam este compromisso:
"Ao pedir o Batismo para o vosso filho, tendes consciência do compromisso que assumis, de o educar na fé cristã?"
E na bênção final, o celebrante faz a seguinte invocação:
"Deus todo poderoso, que dá a vida terrena e celeste, abençoe o pai desta criança para que juntamente com a esposa, pela palavra e pelo exemplo, seja para o seu filho a primeira testemunha da fé, em Jesus Cristo, Nosso Senhor".
Estes textos tirados da liturgia do casamento e do batismo mostram-nos como os pais, com o seu amor são colaboradores de Deus na obra da criação ao transmitir o dom da vida. E através da educação são também chamados a ser colaboradores de Deus no projeto da salvação, ajudando a crescer e viver uma vida plenamente humana. Não basta só dar-lhes o pão para a boca. É necessário também proporcionar-lhes o pão da cultura e do espírito. Esta missão educadora de toda a família é elevada, pelo sacramento do matrimônio, à dignidade de evangelização e de educação da fé.
"A missão educadora da família exige que os pais cristãos proponham aos filhos todos aqueles conteúdos que são necessários para o gradual amadurecimento da sua personalidade de um ponto de vista cristão... O Sínodo apresentou a missão educativa da família cristã como um verdadeiro ministério, por meio do qual é transmitido e irradiado o Evangelho de modo que a própria vida familiar se torna itinerário de fé e, de algum modo, iniciação cristã e escola do seguimento de Cristo. Na família, consciente deste dom, como escreveu João Paulo lI, t0dos os membros evangelizam e são evangelizados" (F. C. 39).
Deus confia aos pais, em primeiro lugar, esta tarefa precisamente porque os torna seus colaboradores diretos no projeto da criação e da salvação. E capacita-os para isso com o dom da participação no seu amor de Pai revelado em Jesus Cristo, que eles por sua vez devem testemunhar e transmitir.
Na família "os pais devem ser para os filhos os primeiros anunciadores da fé" (LG.11 e 41; os esposos devem ser "um para o outro e para os filhos testemunhas da fé e do amor de Cristo" (LG. 35); cooperadores da fé, reciprocamente, em relação aos filhos e a todos os outros familiares" AA.11).
Um casal cristão está pois investido de uma verdadeira missão evangelizadora: ser para os filhos uma proposta viva de fé. O casal se preocupará em que a mensagem cristã chegue aos filhos com o máximo de autenticidade e compreensão. E a mensagem tornar-se-á mais viva pelo testemunho da sua experiência de fé.
3. Âmbitos da missão evangelizadora da família
3.1. O testemunho em família
A evangelização a que é chamado o casal cristão é, antes de mais nada, a do testemunho: o testemunho de um amor conjugal e de pais, vivido na fé e encarnado no cotidiano familiar. A evangelização em família evitará assim o risco de um doutrinamento vazio, estéril e até contraproducente.
A evangelização a que é chamado o casal cristão é, antes de mais nada, a do testemunho: o testemunho de um amor conjugal e de pais, vivido na fé e encarnado no cotidiano familiar. A evangelização em família evitará assim o risco de um doutrinamento vazio, estéril e até contraproducente.
Por outro lado, saberá abrir-se ao diálogo e adaptar-se, pacientemente, aos ritmos interiores do crescimento da fé e da sua compreensão, usando estratégias educativas diversas segundo a idade.
Se, não obstante todos os esforços educativos dos pais, o seu desejo de ver os filhos crescer numa fé viva e comprometida resultar frustrado, nem por isso deverão sentir-se fracassados como pais. É pedido que sejam testemunhas, mas não o ter êxito... O importante e necessário é caminhar com dedicação no itinerário da iniciação à fé cristã. Os pais são evangelizadores com a vida, o ensino, o acompanhamento e a partilha.
3.2 - O compromisso na edificação da Igreja
A missão evangelizadora da família não se esgota na educação cristã dos filhos. Há uma série de serviços de evangelização na comunidade cristã a que uma família cristã é chamada a dar o seu contributo: na preparação específica dos noivos para o sacramento do matrimônio; na catequese familiar e paroquial; na promoção das vocações de consagração; na evangelização de outros esposos e famílias e na programação pastoral da comunidade paroquial,etc.
3.3. O compromisso no mundo
A família cristã não vive só para si, fechada em si mesma. Está também ao serviço do mundo para a construção do Reino de Deus. É chamada a testemunhar o amor universal de Deus a toda a família humana (humanidade). À família abrem-se também os campos da evangelização da sociedade, da convivência social: na escola em nome da participação dos filhos, na política familiar em nome da dignidade (direitos e deveres) da família, na solidariedade social.
"As famílias, quer singularmente, quer associadas, podem e devem dedicar-se a múltiplas obras de serviço social especialmente a favor dos pobres e de todas aquelas pessoas e situações que a organização da previdência e assistência públicas não consegue atingir." (FC.44).
4. Pistas para reflexão (diálogo ou trabalho de grupos)
A educação cristã antes ainda de um ensinamento explícito religioso: um ambiente, um conjunto de grandes e pequenos gestos, de encontros, de relações, de palavras e de silêncios. Deste clima nasce também a oração em família que não é tanto um 'fazer rezar" os filhos, mas antes um "rezar com eles". O que é necessário na nossa família para criar este ambiente?
5. Oração
Meditar em partilha Jo. 1,37-51 ou Cor. 9, 16-23. Quem encontrou Jesus fala d'Ele a um irmão ou amigo e convida-o a unir-se ao grupo, mas antes de convidar os outros, o discípulo vive uma experiência de intimidade com o Mestre. A partir da meditação fazer uma oração espontânea. "
Fonte: Textos de Reflexão - Congresso Diocesano da Família - Dez. 94 -Porto.
Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar - Diocese do Porto
4. Pistas para reflexão (diálogo ou trabalho de grupos)
A educação cristã antes ainda de um ensinamento explícito religioso: um ambiente, um conjunto de grandes e pequenos gestos, de encontros, de relações, de palavras e de silêncios. Deste clima nasce também a oração em família que não é tanto um 'fazer rezar" os filhos, mas antes um "rezar com eles". O que é necessário na nossa família para criar este ambiente?
5. Oração
Meditar em partilha Jo. 1,37-51 ou Cor. 9, 16-23. Quem encontrou Jesus fala d'Ele a um irmão ou amigo e convida-o a unir-se ao grupo, mas antes de convidar os outros, o discípulo vive uma experiência de intimidade com o Mestre. A partir da meditação fazer uma oração espontânea. "
Fonte: Textos de Reflexão - Congresso Diocesano da Família - Dez. 94 -Porto.
Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar - Diocese do Porto
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