Sínodo 2015: Bispos afastam cenários de mudanças «espetaculares»
Agência Ecclesia
Trabalhos começaram com reflexão sobre papel central da família e abordaram desafios colocados pelo divórcio
Cidade
do Vaticano, 05 out 2015 (Ecclesia) - O cardeal André Vingt-Trois, um dos
presidentes-delegados do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, afastou
hoje um cenário de “mudanças espetaculares” na doutrina da Igreja sobre o
matrimónio e a família.
“Se
vieram a Roma com a ideia de que iriam regressar com mudanças espetaculares da
doutrina da Igreja, vão ficar desiludidos”, disse o arcebispo de Paris aos
jornalistas, na primeira conferência de imprensa da 14ª assembleia geral
ordinária do organismo consultivo, que decorre até 25 de outubro.
O
responsável admitiu que desde a reunião extraordinária de 2014 houve “pressão”
mediática, centrada em temas específicos como o divórcio ou a homossexualidade
que muitas vezes não faziam parte das principais preocupações dos
participantes.
Para o
cardeal francês, não está em causa “abrir indiferentemente o acesso à Comunhão”
para todas as pessoas, mas enfrentar a “profunda mudança” da sociedade, que a
Igreja tem de acompanhar.
Já D.
Bruno Forte, secretário-especial do Sínodo, acrescentou que a Igreja “não pode
ser insensível” aos desafios de um tempo e de situações que mudam.
Nesse
contexto, falou num “Sínodo pastoral”, mais do que “doutrinal”, procurando
aproximar a Igreja dos “homens e mulheres de hoje”.
A
primeira reunião de trabalhos, esta manhã, contou com a apresentação do
relatório inicial, pelo cardeal Peter Erdö, relator-geral do Sínodo, no qual se
propõe um acompanhamento “misericordioso” para quem vive situações familiares
difíceis, sem questionar a “indissolubilidade” do matrimónio.
O
relatório aborda casos específicos, como os divorciados não recasados, para os
quais se pede a criação de centros de aconselhamento diocesanos que ajudem os
cônjuges nos momentos de crise, apoiando os filhos “vítimas destas situações”,
sem esquecer “o caminho do perdão e da reconciliação, se possível”.
Para os
divorciados recasados, por outro lado, pede-se “uma aprofundada reflexão”,
tendo em conta “um acompanhamento pastoral misericordioso que, no entanto, não
deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimónio, como ensinado
pelo próprio Jesus Cristo”.
"Não
é o naufrágio do primeiro matrimónio, mas a convivência na segunda relação que
impede o acesso à Eucaristia", pode ler-se.
O texto
introdutório aborda o chamado “caminho penitencial”, especificando que este
pode referir-se aos divorciados recasados que praticam continência e que,
portanto, “poderão aceder também aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia,
evitando porém provocar escândalo”.
O texto
passa em revista os desafios para a família - migrações, injustiças sociais,
salários baixos, violência contra as mulheres - e a desconfiança atual face às
instituições e aos compromissos definitivos.
Lançando
os trabalhos deste ano, o cardeal húngaro frisou que os valores do matrimónio e
a família oferecem possibilidades de “desenvolvimento” a cada pessoa que são
únicas.
O
relatório alude ao cuidado pastoral das pessoas homossexuais, reafirmando os
princípios de “respeito e delicadeza”, antes de recordar que “não há fundamento
algum para assimilar ou estabelecer analogias, sequer remotas, entre as uniões
homossexuais e o plano de Deus para o matrimónio e a família”.
Os
últimos parágrafos abordam o tema da vida, lembrando a sua “inviolabilidade”
desde a conceção até à morte natural, recusando por isso o aborto e a
eutanásia.
Após
propor uma “cultura da vida”, o relatório assinala a importância de um “um
ensino adequado sobre métodos naturais para a procriação responsável”.
Em
conclusão, o cardeal Erdö afirmou que “para enfrentar o desafio da família
hoje, a Igreja deve converter-se e tornar-se mais viva, mais pessoal, mais
comunitária, também a nível paroquial e nas pequenas comunidades”.
Os
presentes forma depois informados da impossibilidade de participação do
presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, D. Basílio do Nascimento,
bispo de Baucau, e de D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, que seria o seu
substituto.
Fonte:http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-bispos-afastam-cenarios-de-mudancas-espetaculares/
Cidade
do Vaticano, 05 out 2015 (Ecclesia) - O cardeal André Vingt-Trois, um dos
presidentes-delegados do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, afastou
hoje um cenário de “mudanças espetaculares” na doutrina da Igreja sobre o
matrimónio e a família.
“Se
vieram a Roma com a ideia de que iriam regressar com mudanças espetaculares da
doutrina da Igreja, vão ficar desiludidos”, disse o arcebispo de Paris aos
jornalistas, na primeira conferência de imprensa da 14ª assembleia geral
ordinária do organismo consultivo, que decorre até 25 de outubro.
O
responsável admitiu que desde a reunião extraordinária de 2014 houve “pressão”
mediática, centrada em temas específicos como o divórcio ou a homossexualidade
que muitas vezes não faziam parte das principais preocupações dos
participantes.
Para o
cardeal francês, não está em causa “abrir indiferentemente o acesso à Comunhão”
para todas as pessoas, mas enfrentar a “profunda mudança” da sociedade, que a
Igreja tem de acompanhar.
Já D.
Bruno Forte, secretário-especial do Sínodo, acrescentou que a Igreja “não pode
ser insensível” aos desafios de um tempo e de situações que mudam.
Nesse
contexto, falou num “Sínodo pastoral”, mais do que “doutrinal”, procurando
aproximar a Igreja dos “homens e mulheres de hoje”.
A
primeira reunião de trabalhos, esta manhã, contou com a apresentação do
relatório inicial, pelo cardeal Peter Erdö, relator-geral do Sínodo, no qual se
propõe um acompanhamento “misericordioso” para quem vive situações familiares
difíceis, sem questionar a “indissolubilidade” do matrimónio.
O
relatório aborda casos específicos, como os divorciados não recasados, para os
quais se pede a criação de centros de aconselhamento diocesanos que ajudem os
cônjuges nos momentos de crise, apoiando os filhos “vítimas destas situações”,
sem esquecer “o caminho do perdão e da reconciliação, se possível”.
Para os
divorciados recasados, por outro lado, pede-se “uma aprofundada reflexão”,
tendo em conta “um acompanhamento pastoral misericordioso que, no entanto, não
deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimónio, como ensinado
pelo próprio Jesus Cristo”.
"Não
é o naufrágio do primeiro matrimónio, mas a convivência na segunda relação que
impede o acesso à Eucaristia", pode ler-se.
O texto
introdutório aborda o chamado “caminho penitencial”, especificando que este
pode referir-se aos divorciados recasados que praticam continência e que,
portanto, “poderão aceder também aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia,
evitando porém provocar escândalo”.
O texto
passa em revista os desafios para a família - migrações, injustiças sociais,
salários baixos, violência contra as mulheres - e a desconfiança atual face às
instituições e aos compromissos definitivos.
Lançando
os trabalhos deste ano, o cardeal húngaro frisou que os valores do matrimónio e
a família oferecem possibilidades de “desenvolvimento” a cada pessoa que são
únicas.
O
relatório alude ao cuidado pastoral das pessoas homossexuais, reafirmando os
princípios de “respeito e delicadeza”, antes de recordar que “não há fundamento
algum para assimilar ou estabelecer analogias, sequer remotas, entre as uniões
homossexuais e o plano de Deus para o matrimónio e a família”.
Os
últimos parágrafos abordam o tema da vida, lembrando a sua “inviolabilidade”
desde a conceção até à morte natural, recusando por isso o aborto e a
eutanásia.
Após
propor uma “cultura da vida”, o relatório assinala a importância de um “um
ensino adequado sobre métodos naturais para a procriação responsável”.
Em
conclusão, o cardeal Erdö afirmou que “para enfrentar o desafio da família
hoje, a Igreja deve converter-se e tornar-se mais viva, mais pessoal, mais
comunitária, também a nível paroquial e nas pequenas comunidades”.
Os
presentes forma depois informados da impossibilidade de participação do
presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, D. Basílio do Nascimento,
bispo de Baucau, e de D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, que seria o seu
substituto.
Fonte:http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-bispos-afastam-cenarios-de-mudancas-espetaculares/
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