"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Primeiro CASAL de beatos brasileiros!

Os 30 nomes beatificados são dos dois sacerdotes, Pe. André e Pe. Ambrosio, e de 28 leigos! Estes nossos mártires são o retrato de nossas famílias, pois entre eles várias famílias foram sacrificadas: velhos, adultos e crianças, até mesmo bebês de colo, homens e mulheres, unidos para sempre ao sacrifício de Cristo na cruz (CONHEÇA A HISTÓRIA DO MARTÍRIO).
Estão entre os mártires do Rio Grande do Norte as primeiras 5 brasileiras beatificadas (uma mulher casada, três meninas e uma ainda bebê, de cerca de dois meses!).
E entre os mártires encontra-se o primeiro casal de brasileiros a ser beatificado: o Beato Manuel Rodrigues de Moura e sua Beata esposa! Certamente, entre os cerca de 80 fiéis martirizados na capela de Cunhaú enquanto assistiam a missa, vários casais foram mortos, mas somente entre os sacrificados de Uruaçu pudemos conhecer o nome de um deles, o Beato Manuel e esposa. Que este santo casal fale em nome de todos os inúmeros casais ali martirizados, cujos nomes desconhecemos, e, porque não, em nome de todos os casais santos de nosso Brasil. Deus seja louvado nos seus casais santos, nossos pais e mães, nossos antepassados, dos quais recebemos a vida do corpo e a vida da fé! Amém!
“Segundo o Postulador da Causa dos Mártires, Mons. Francisco de Assis Pereira, “a memória dos servos de Deus sacrificados em Cunhaú e Uruaçu, em 1645, permaneceu viva na alma do povo potiguar, que os venera como ínclitos defensores da fé católica”. O processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé, no dia 16 de junho de 1989. Em 21 de dezembro de 1998, o Papa João II assinou o Decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos.O Monsenhor Assis acompanhou o processo de beatificação junto ao Vaticano, por mais de dez anos, reunindo documentos em pesquisas realizadas em Portugal, Holanda e no Brasil. Deste material resultou o livro Protomártires do Brasil, de sua autoria, lançado no final de 1999”. Não deixe de ler este tocante livro, para melhor conhecer estes nossos mártires! (Publicado pela Ed. Santuário, à venda em todas as livrarias católicas).
“A celebração de Beatificação aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, dia 5 de março de 2000, presidida pelo Santo Padre João Paulo II. Cerca de mil brasileiros participaram da celebração. Durante a Santa Missa, João Paulo II pronunciou sua homilia em italiano, português, polonês, francês e inglês. O Papa fez a seguinte reflexão em português: “São estes os sentimentos que invadem nossos corações, ao evocar a significativa lembrança da celebração dos quinhentos anos da evangelização no Brasil, que acontece este ano. Naquele imenso País, não foram poucas as dificuldades de implantação do Evangelho. A presença da igreja foi se afirmando lentamente mediante a ação missionária de várias ordens e congregações religiosas e de sacerdotes do clero diocesano. Os mártires, que hoje são beatificados, saíram, no fim do século XVII, das comunidades de Cunhaú e Uruaçu, do Rio Grande do Norte. André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro – presbíteros e 28 companheiros leigos pertencem a esta geração de mártires que regou o solo pátrio, tornando-o fértil para a geração de novos cristãos”. (...) Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: ‘Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.
Fonte: Santos do Brasil

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Beatos – Luiz Beltrami Quattrocchi e Maria Corsini Beltrami Quattrocchi

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Você já ouviu falar em Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi? Provavelmente, não. Talvez você nem saiba que exista um casal na Igreja em processo de canonização. Pois é verdade. Luigi e Maria foram o primeiro casal beatificado por João Paulo II e isso aconteceu no dia 21 de outubro de 2001.

Na história da Igreja foi um acontecimento inédito. Um casal do século XX declarado beato, os filhos presentes na cerimônia de beatificação dos pais, dois deles sacerdotes concelebravam com João Paulo II, tudo isso na mesma Igreja onde cem anos atrás os pais deram-se um ao outro em matrimônio. Estamos falando de Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, declarados beatos por João Paulo II no dia 21 de outubro de 2001, dia também em que a Igreja celebrou os vinte anos da Exortação Apostólica “Familiaris consortio”, documento que ainda hoje demonstra grande atualidade, pois, além de ilustrar o valor do matrimônio e as tarefas da família, convida a um particular empenho no caminho de santidade ao qual os esposos são chamados devido à graça sacramental, que “não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a existência” (Familiaris consortio, 56).


A vida desse casal é um sinal vivo do que afirma o Concílio Vaticano II sobre a vocação de todos os fiéis leigos à santidade, especificando que os cônjuges devem procurar esse objetivo seguindo o seu próprio caminho. Para eles a fidelidade ao Evangelho e a heroicidade das virtudes foram relevadas a partir da sua existência como cônjuges e como pais.


Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi nasceram ambos na Itália, ele na Catânia, no dia 12 de janeiro de 1880, ela em Florença, no dia 24 de junho de 1884. Luigi era um brilhante advogado que culminou sua carreira sendo vice-advogado geral do Estado italiano; Maria Corsini, nascida numa família nobre de Florença era professora e escritora, apaixonada pela música. Trabalhou como enfermeira voluntária da Cruz Vermelha durante a guerra da Etiópia e a Segunda Guerra Mundial. Catequista, era também comprometida com várias associações de caridade, como a Ação Católica Feminina. Os dois se conheceram em Roma e se casaram na Basílica de Santa Maria Maior no dia 25 de novembro de 1905. Receberam com docilidade a graça matrimonial que os levou a santificar-se apoiando-se um ao outro e acolhendo com alegria os frutos do seu amor: quatro filhos, a quem deram afeto, educação e, de forma especial, um testemunho de fidelidade e generosa caridade. Não eram raras as vezes em que seus filhos os viram acolhendo em casa refugiados da guerra e organizando grupos de “scouts” com jovens dos bairros pobres de Roma durante o pós-guerra.


Dos quatro filhos que tiveram, três seguiram a vida religiosa, Stephania, sua primeira filha, tornou-se monja beneditina e recebeu o nome de Maria Cecília, ambos os filhos sentiram-se chamados ao sacerdócio, Filippo, hoje padre Tarcísio, é padre diocesano de Roma, e Cesare tornou-se monge trapista. Quando Maria estava grávida de sua última filha viveu um tempo de grande prova. Tendo sido acometida por um problema grave de saúde e por uma gravidez complicadíssima, foi aconselhada pelos médicos a abortar para que ao menos sua vida fosse poupada. A possibilidade de sobrevivência com esse diagnóstico era de 5%, no entanto Maria e Luigi preferiram arriscar e colocaram toda a sua confiança no Senhor. Enrichetta nasceu com saúde e está hoje com 89 anos, estando inclusive presente na cerimônia de beatificação dos pais.
Em novembro de 1951, aos 71 anos, Luigi faleceu vítima de uma parada cardíaca. Quatorze anos mais tarde, aos 81 anos, Maria faleceu nos braços de Enrichetta, em sua casa nas montanhas. Em 1993, sua filha mais velha, irmã Maria Cecília, se uniu aos pais.


Lendo sobre a vida desse casal podemos nos questionar por que somente depois de 2000 anos um casal foi beatificado pela Igreja? E por que precisamente este casal foi digno de tão alto reconhecimento? Com certeza, tudo está relacionado ao mistério dos desígnios de Deus, mas acreditamos que a Igreja viva um tempo de graça especial e que muitos outros casais serão também reconhecidos pela sua santidade de forma pública e universal – já que muitos o são no escondimento do dia-a-dia –, sem necessariamente precisarem esperar tantos séculos por isso.


Ao lermos a homilia de João Paulo II no dia da beatificação compreendemos que o segredo da santidade na vida matrimonial consiste em viver a vida ordinária de forma extraordinária. Luigi e Maria, entre as alegrias e preocupações de uma família normal, que os casais conhecem tão bem, souberam realizar uma existência rica de espiritualidade. Viviam a Eucaristia de forma cotidiana, também a devoção à Virgem Maria quando a família, que era consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, unida, rezava todas as noites o rosário. Nunca faltavam os momentos de lazer e esporte, gostavam de passar as férias nas montanhas e no mar. Sua casa era sempre aberta aos amigos numerosos e àqueles que batiam em sua porta em busca de alimento.


Maria dizia sobre os filhos: “Educamo-os na fé, para que conhecessem e amassem a Deus”. Os mesmos recordam que a vida familiar era marcada pelo sentido do sobrenatural. “Um aspecto que caracteriza nossa vida em família – recorda o filho mais velho – era o clima de normalidade que nossos pais haviam suscitado na busca diária pelos valores transcendentes”. “Nunca havia imaginado que os meus pais seriam proclamados santos pela Igreja, mas posso afirmar com sinceridade que sempre percebi a extraordinária espiritualidade deles. Em casa sempre se respirou um clima sobrenatural, sereno, alegre, não careta.”


João Paulo II diz ainda que “Luigi e Maria viveram, à luz do Evangelho e com grande intensidade humana, o amor conjugal e o serviço à vida. Assumiram com responsabilidade total a tarefa de colaborar com Deus na procriação, dedicando-se generosamente aos filhos a fim de os educar, guiar e orientar na descoberta dos seus desígnios de amor. Deste terreno espiritual tão fértil surgiram vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada, que demonstram como o matrimônio e a virgindade, a partir do comum enraizamento no amor esponsal do Senhor, estão intimamente relacionados e se iluminam reciprocamente. Foram cristãos convictos, coerentes e fiéis ao seu próprio batismo; foram pessoas cheias de esperança, que souberam dar o justo significado às realidades terrenas, tendo os olhos e o coração postos sempre na eternidade. Fizeram da sua família uma autêntica igreja doméstica, aberta à vida, à oração, ao testemunho do Evangelho, ao apostolado social, à solidariedade com os pobres, à amizade”.


O testemunho de vida de Luigi e Maria nos confirma que o caminho de santidade percorrido como casal é possível e belo, é caminho de felicidade, mesmo em meio às dores e provações do dia-a-dia. Peçamos ao Senhor a graça de existirem cada vez mais casais que, seduzidos por Cristo e invadidos pelo Espírito Santo, façam transparecer, na santidade da sua vida, toda a beleza do amor conjugal manifestado através do sacramento do matrimônio. E que cresça de forma generosa o número de casais beatificados e canonizados pela Igreja, para que os casais tenham modelos a seguir e intercessores a quem suplicar.