"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Papa: “Não se pode viver sem nos perdoarmos”

Texto completo da catequese do Papa na Audiência Geral

Nesta quarta-feira, 4 de novembro, Francisco destacou que a família é um grande ginásio de treinamento ao dom e ao perdão recíproco sem o qual nenhum amor pode durar muito

Apresentamos o texto completo da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 4 de novembro:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A Assembleia do Sínodo dos Bispos, que se concluiu há pouco, refletiu a fundo a vocação e a missão da família na vida da Igreja e da sociedade contemporânea. Foi um evento de graça. Ao término, os padres sinodais me entregaram o texto de suas conclusões. Quis que esse texto fosse publicado para que todos participassem do trabalho em que nos viram empenhados juntos por dois anos. Esse não é o momento de examinar tais conclusões, sobre as quais devo eu mesmo meditar.
Nesse meio de tempo, porém, a vida não para, em particular a vida das famílias não para! Vocês, queridas famílias, estão sempre em caminho. E continuamente escrevem já nas páginas da vida concreta a beleza do Evangelho da família. Em um mundo que às vezes se torna árido de vida e de amor, a cada dia vocês falam do grande dom que são o matrimônio e a família.
Hoje gostaria de destacar esse aspecto: que a família é um grande ginásio de treinamento ao dom e ao perdão recíproco sem o qual nenhum amor pode durar muito. Sem se doar e sem se perdoar o amor não permanece. Na oração que Ele mesmo nos ensinou – isso é, o Pai Nosso – Jesus nos faz pedir ao Pai: “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. E no fim comenta: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6, 12. 14-15). Não se pode viver sem se perdoar, ou ao menos não se pode viver bem, especialmente em família. Todo dia cometemos erros uns com os outros. Devemos levar em conta esses erros, devidos à nossa fragilidade e ao nosso egoísmo. O que porém é pedido a nós é curar logo as feridas que nos fazem, tecer de novo imediatamente os fios que se rompem na família. Se esperamos muito, tudo se torna mais difícil. E há um segredo simples para curar as feridas e para rejeitar as acusações. É isso: não deixar terminar o dia sem pedir desculpa, sem fazer as pazes entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs…entre nora e sogra! Se aprendemos a pedir desculpas logo e a nos doarmos o recíproco perdão, curamos as feridas, o matrimônio se fortalece e a família se torna uma casa sempre mais sólida, que resiste aos choques das nossas pequenas e grandes maldades. E por isso não é necessário fazer um grande discurso, mas é suficiente um carinho: um carinho e terminou tudo e se recomeça. Mas não terminar o dia em guerra!
Se aprendemos a viver assim em família, fazemos também fora, em qualquer lugar que estamos. É fácil ser cético sobre isso. Muitos – também entre cristãos – pensam que seja um exagero. Diz-se: sim, são belas palavras, mas é impossível colocá-las em prática. Mas graças a Deus não é assim. De fato, é justamente recebendo o perdão de Deus que, por sua vez, somos capazes de dar o perdão aos outros. Por isso Jesus nos faz repetir essas palavras que recitamos na oração do Pai Nosso, isso é, todos os dias. E é indispensável que, em uma sociedade às vezes cruel, haja lugares como a família, onde aprender a perdoar uns aos outros.
O Sínodo reavivou a nossa esperança também sobre isso: faz parte da vocação e da missão da família a capacidade de perdoar e de se perdoar. A prática do perdão não somente salva as famílias da divisão, mas as torna capazes de ajudar a sociedade a ser menos má e menos cruel. Sim, todo gesto de perdão repara a casa das rachaduras e fortalece seus muros. A Igreja, queridas famílias, está sempre próxima a vocês para ajudar a construir a vossa casa sobre a rocha da qual falou Jesus. E não esqueçamos essas palavras que precedem imediatamente a parábola da casa: “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”. E acrescenta: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci” (cfr Mt 7, 21-23). É uma palavra forte, não há dúvida, que o objetivo é nos abalar e nos chamar à conversão.
Asseguro-vos, queridas famílias, que se forem capazes de caminhar sempre mais decididamente no caminho das Bem-Aventuranças, aprendendo e ensinando a se perdoarem reciprocamente, em toda a grande família da Igreja crescerá a capacidade de dar testemunho da força renovadora do perdão de Deus. Do contrário, faremos pregações belíssimas e talvez vamos expulsar qualquer demônio, mas no fim o Senhor não nos reconhecerá como os seus discípulos, porque não tivemos a capacidade de perdoar e de nos fazermos perdoar pelos outros!
Realmente as famílias cristãs podem fazer muito pela sociedade de hoje e também pela Igreja. Por isso desejo que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias redescubram o tesouro do perdão recíproco. Rezemos para que as famílias sejam sempre mais capazes de viver e de construir caminhos concretos de reconciliação, onde ninguém se sinta abandonado ao peso dos seus débitos.
Com essa intenção, digamos juntos: “Pai nosso, perdoai os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
(Canção Nova)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Relatório Final do Sínodo sobre a família já é um documento de orientação para toda a Igreja?

No que concerne a situação de alguns de nossos irmãos e irmãs divorciados recasados, com quem caminhamos e conversamos pelo Brasil afora, é necessário redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado, pois o texto sequer menciona o acesso à Eucaristia e ao Sacramento da Confissão.

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Roma,  (ZENIT.org) Pe. Rafael Fornasier 

O Papa Francisco, em seu discurso de conclusão do Sínodo dos Bispos sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo” afirmou que “certamente não significa que esgotamos todos os temas inerentes à família” e que não “encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família” na atualidade, mas que, com coragem, dedicação e sem medo de afrontar os desafios postos às famílias e na família, “procuramos iluminá-los com a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja, infundindo neles a alegria da esperança”, sem cair em repetições simplistas.
Com efeito, o Relatório Final do Sínodo foi entregue ao Papa Francisco, como reza o Artigo 41 do Regulamento do Sínodo dos Bispos (Ordo Synodi Episcoporum). Segundo as explicações do próprio regulamento, não há uma regra estabelecida de antemão sobre a elaboração de um documento final do Sínodo. Fato é que, após várias assembleias sinodais, os últimos papas publicaram um documento retomando ou levando em conta o fruto do trabalho do Sínodo. Haja vista que os bispos, ao entregar o Relatório Final da assembleia, fizeram um pedido ao papa para que ele publicasse um documento, é de se esperar que isso aconteça nos próximos meses.
Assim sendo, o texto que foi publicado no fim de semana passado não é um documento normativo nem definitivo. Virá a sê-lo se o papa assim o quiser. Mas poderá também passar por modificações por parte do papa. Por isso, é temerário já agora tirar orientações bem precisas em nível prático para a ação pastoral da Igreja, embora não nos seja impedido de começar – ou continuar – a refletir sobre isso.
No que concerne a situação de alguns de nossos irmãos e irmãs divorciados recasados, com quem caminhamos e conversamos pelo Brasil afora, é necessário redobrar a prudência no que concerne as interpretações do texto publicado, pois o texto sequer menciona o acesso à Eucaristia e ao Sacramento da Confissão.
O título no qual se aborda o assunto fala de “discernimento e integração”, deixando, propositadamente, a questão aberta e a ser cada vez mais discernida, com misericórdia e verdade, não só pelas pessoas implicadas, mas também por toda comunidade eclesial, inclusive levando em conta aspectos culturais, como também mencionado pelo Papa Francisco no seu discurso final. A respeito do acesso à Eucaristia, alguns comentários observaram que o texto não diz nem que “sim” nem que “não”. Isso também é válido para aquelas formas de impedimentos hoje existentes na prática eclesial. Tal responta obliqua e não direta do texto faz-nos voltar ao que o papa disse no discurso final, ou seja, de que o sínodo não ofereceu soluções exaustivas a todas as situações complexas, pois estas são múltiplas e variadas. Anunciar aos quatro cantos um acesso ao Sacramento da Eucaristia para todos os que se encontram nesta situação, não somente vai além do que afirma o texto conclusivo do sínodo – repitamo-lo: ainda não normativo nem definitivo –  mas também não respeita a complexidade da história de vidas envolvidas num divórcio e suas consequências temporais, que, quer se queira ou não, toca a noção de comunhão no sentido mais amplo (comunhão eclesial, eucarística, mas também conjugal e familiar), que pode ter sido, em certos casos, gravemente rompida.
Ainda que o Papa Francisco venha a decidir sobre essa questão, a proposta, segundo as sugestões dos bispos representares de todas as partes do mundo, não será a panaceia para dar fim aos problemas dos divorciados recasados, mas será aplicada caso a caso, como sugerido pelo Cardeal W. Kasper desde o início dessa discussão – o que não deixará de suscitar dificuldades e incompreensões em nossas comunidades, diga-se de passagem...
Deixando de lado todas essas especulações – que interessam muito aos meios de comunicação desinteressados da vida real das pessoas! – o importante é não reduzir toda a riqueza dos trabalhos do sínodo nestes dois últimos anos ao “pode ou não pode”, pois o acompanhamento que visa não só a integração de diversas situações, mas também a preparação ao matrimônio, através da transmissão do Evangelho da família, a vida pós-matrimonial, a transmissão e educação dos filhos, a formação para a missão eclesial e social da família, requer conversão pastoral e pessoal, de todos nós, disponibilidade de tempo para a escuta e o serviço, coragem e ousadia para intervir, também com misericórdia, junto às famílias quando são assoladas por mentiras em relação à essência do amor, da liberdade, da fidelidade, da responsabilidade, da abertura à vida para se tentar evitar e superar as crises, e assim permitir que a família continue sendo o maior tesouro da humanidade!

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/o-relatorio-final-do-sinodo-sobre-a-familia-ja-e-um-documento-de-orientacao-para-toda-a-greja?utm_campaign=diarioportughtml&utm


domingo, 25 de outubro de 2015


Sínodo 2015: Papa fala em «novos horizontes» para a Igreja, sem linguagem condenatória



Foto: Ricardo Perna


Agência Ecclesia - Notícias 
 

Francisco elogia trabalhos que fugiram da «fácil repetição» e critica teses conspirativas

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O Papa encerrou hoje no Vaticano os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a família e disse que as últimas três semanas abriram “novos horizontes” na vida da Igreja, que recusam uma linguagem condenatória.
“Procuramos abrir os horizontes para superar qualquer hermenêutica conspiratória ou perspetiva fechada, para defender e difundir a liberdade dos filhos de Deus, para transmitir a beleza da Novidade cristã, por vezes coberta pela ferrugem duma linguagem arcaica ou simplesmente incompreensível”, declarou Francisco, numa intervenção à porta fechada, posteriormente publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.
Perante 265 participantes com direito a voto, entre eles D. Manuel Clemente e D. Antonino Dias, de Portugal, o Papa declarou que “o primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus”.
“A experiência do Sínodo fez-nos compreender melhor também que os verdadeiros defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas o homem; não as fórmulas, mas a gratuidade do amor de Deus e do seu perdão”, precisou.
Francisco apresentou uma reflexão sobre o que deve significar para a Igreja “encerrar este Sínodo dedicado à família”, que desde 2013 incluiu questionários às comunidades católicas, uma reunião extraordinária de bispos (2014) e a 14ª assembleia geral ordinária, que se conclui oficialmente este domingo, com a Missa na Basílica de São Pedro.
O fim deste percurso, afirmou o Papa, não significa que se esgotaram todos os temas, mas que estes foram debatidos “a luz do Evangelho, da tradição e da história bimilenária da Igreja”, sem “cair na fácil repetição do que é indiscutível ou já se disse”, “sem medo e sem esconder a cabeça na areia”.
“Seguramente não significa que encontramos soluções exaustivas para todas as dificuldades e dúvidas que desafiam e ameaçam a família”, admitiu.
Francisco falou da reunião de bispos e outros representantes das comunidades católicas como uma prova da “vitalidade da Igreja Católica”, num “período histórico de desânimo e de crise social, económica, moral e de prevalecente negatividade”.
O Sínodo desafia a Igreja e a sociedade a compreender a importância da “instituição da família e do Matrimónio entre homem e mulher”, fundado sobre “a unidade e a indissolubilidade”.



Sínodo 2015: Valores do matrimónio e da família são resposta ao individualismo

Foto: Ricardo Perna


Agência Ecclesia - Notícia
 

Relatório final sublinha a importância da relação homem-mulher e da abertura à vida

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O relatório final do Sínodo dos Bispos, que se concluiu hoje no Vaticano, apresenta os “grandes valores” do matrimónio e da família cristã como respostas aos anseios da humanidade num tempo de “individualismo” e “hedonismo”.
“A família baseada sobre o matrimónio do homem e da mulher é o lugar magnífico e insubstituível do amor pessoal que transmite a vida”, refere o documento conclusivo, com 94 pontos, entregue ao Papa.
O texto parte de uma análise do contexto cultural e religioso em que vivem as famílias, face a uma mudança “antropológica” em que surge o desafio da ideologia do género, que “nega a diferença e a reciprocidade natural do homem e da mulher”.
O relatório analisa em seguida as situações dos vários elementos dos agregados familiares, com atenção aos idosos e criança, aos viúvos e aos solteiros.
Depois de três semanas de debate com representares dos episcopados católicos nos cinco continentes, o documento aponta alguns “desafios particulares”, como a poligamia, o casamento entre católicos e fiéis de outras confissões cristãs ou religiões, a secularização ou a “desconfiança” dos jovens em relação ao matrimónio.
Nesse sentido, propõe-se uma formação ao “dom de si”, com incidência nas preocupações sobre uma “sexualidade sem limites”.
A família é apresentada como o “porto seguro”, a “célula fundamental” da sociedade numa época de fragmentação.
Tal como tinha sido pedido pelos participantes, este relatório inclui várias passagens dedicadas ao ensinamento da Igreja Católica sobre a família e referências à Bíblia, particularmente às palavras e atos de Jesus.
“A revolução dos afetos que Jesus introduz na família humana constitui um chamamento radical à fraternidade universal”, pode ler-se.
Depois de ter assinalado o ensinamento recente sobre o tema, desde o Concílio Vaticano II (1962-1965) ao pontificado do Papa Francisco, o documento conclusivo centra-se na questão da “indissolubilidade”, a qual “corresponde ao desejo profundo de amor recíproco e duradouro” que Deus “colocou no coração humano”.
Sublinhando que qualquer “rutura” deste vínculo é “contra a vontade de Deus”, o texto alude, no entanto, às “fragilidades” de cada pessoa, pelo que a “clareza da doutrina” não pode levar a “julgamentos” que não tenham em consideração a “complexidade das diversas situações”.
“A Igreja parte das situações concretas das famílias de hoje, todas necessitadas de misericórdia, a começar pelas que mais sofrem”, referem os participantes no Sínodo.
Os responsáveis manifestam a intenção de acompanhar “cada” família para que possa descobrir o melhor caminho para “superar as dificuldades”.
Aos católicos é lembrada a “responsabilidade” de ter filhos, face a uma mentalidade “hostil à vida”, rejeitando qualquer iniciativa estatal que favoreça “a contraceção, a esterilização ou mesmo o aborto”.
O documento limita as referências à homossexualidade ao pedido de um “acompanhamento das famílias” em que vivem pessoas com “tendência homossexual” e reafirma a oposição da Igreja à equiparação da união entre pessoas do mesmo sexo ao matrimónio.
O relatório concluiu-se com um pedido ao Papa para que considere a “oportunidade” de redigir um documento sobre estes temas.
Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-valores-do-matrimonio-e-da-familia-sao-resposta-ao-individualismo/



NOVENA DE SANTA TERESA DE JESUS - CARMELO DE TRINDADE 



NONO DIA DA NOVENA DE SANTA TERESA DE JESUS CARMELO DE TRINDADE (8)



Homilia do dia 06/10/15 -  Novena de Santa Teresa de Jesus.

A vivência das virtudes” – A importância da família na prática das virtudes em Santa Teresa.

Como Santa Teresa começou a despertar a sua alma na infância para as coisas virtuosas e de quanto contribuiu para isso os pais serem virtuosos.
No Livro da Vida (um livro autobiográfico que Santa Teresa escreveu), no primeiro comentário que ela faz sobre seu pai, ressalta o quanto ele a incentivava a ler bons livros. Lembramos que naquela época (séc. XVI) era bastante comum que as mulheres fossem analfabetas, mesmo as de famílias ricas, que eram educadas apenas para serem boas esposas e mães.
Em seguida, Teresa sublinha a bondade de seu pai para com os menos favorecidos, dizendo: “meu pai era um homem muito caridoso para com os pobres e tinha muita compaixão para com os enfermos e até mesmo com os criados; tanto que jamais se pôde conseguir que tivesse escravos, porque lhes tinha uma grande compaixão (V1,1).   “Certa vez uma escrava do irmão de meu pai estava em nossa casa e ele a tratava como a um de seus filhos”.
Estamos falando de algo que ocorreu no séc. XVI e ]e bom lembrarmos que a escravidão no Brasil perdurou até fins do séc.XIX.
Dom Alonso, pai de Santa Teresa, trabalhava também como voluntário em um hospital de indigentes, situado próximo à sua casa.
Embora tivesse em sua família muitos bons exemplos de piedade e compaixão para com os outros e, desde pequena fosse bastante virtuosa, a verdade é que Teresa não herdou espontaneamente o modo de ser de seus pais. Ela mesma confessa no Livro da Relações (R2,4): “Eu não tinha piedade natural”. Em outras palavras, foi algo que ela teve que aprender e conquistar lentamente.  Podemos dizer que foi sua relação com Jesus Cristo e o seu caminho de seguimento a ele que fizeram seu coração se abrir a esta realidade e a aproximar-se desta exigência: amar os pequeninos, amar os pobres.
Quando aconteceu esta conversão?
Evidentemente, conversão é um processo e não é algo mágico que acontece de uma hora para outra. No entanto, podemos dizer que existem momentos pontuais, especiais, carregados de densidade experiencial que marcam  este processo de conversão. No caso de Teresa, ela situa-o em sua experiência mística diante do Cristo muito chagado (Vida 9,1) . Ali ela tomou consciência verdadeira da solidariedade de Jesus para com todos. Ali também percebeu o quanto era “mal agradecida” por aquelas chagas”. Algo de muito especial, profundo e fundamental desencadeou-se no íntimo de Teresa tanto que a aproximou dos pobres e a fez querer viver como os pobres: “Quando voltei  à oração e olhei o Cristo tão pobre e despojado de suas vestes, não suportava a ideia de riquezas. Eu lhe suplicava com lágrimas que encaminhasse as coisas na minha vida de maneira que eu me visse tão pobre quanto Ele (Vida 35,3)
Sem dúvida, o caráter de Teresa foi moldado pela boa educação que recebeu de seus pais e o ambiente familiar foi igualmente decisivo para que ela crescesse com um coração bom (a tão exaltada “magnanimidade de coração vasta como a areia da praia do mar”, que frades e monjas carmelitas rezam na antífona teresiana são fruto de todas estas influências).
Como era a família de Santa Teresa?
           No início do Livro da Vida, Santa Teresa faz uma apresentação da família em que nasceu.  Refere-se ao seu pai como um homem de cultura, “afeiçoado a ler bons livros”. O gosto pela leitura, pelos estudos e pelas letras acompanhará Teresa por toda sua vida. Tanto que ela sempre preferiu os padres “letrados” para que fossem confessores das monjas do que os “santos iletrados”. Teresa tinha um profundo desejo de conhecer melhor “os grandes segredos da criaturas” (4Moradas 2,2), o mundo, as pessoas, a vida e a teologia (como ciência, conhecimento de Deus).  (***)
De sua mãe, Dona Beatriz, Teresa diz que era uma mulher muito piedosa. Dona Beatriz morreu muito cedo (tinha apenas 34 anos) deixando Teresa órfã por volta de seus treze ou quatorze anos de idade (ela mesma não lembrava com exatidão a data). Dela herdou a devoção à Virgem Maria:  “Minha mãe tinha o cuidado de fazer-nos rezar e ter devoção por Nossa Senhora e por alguns santos, começou a despertar-me com a idade de mais ou menos seis ou sete anos”. (V1,1) “Recordo-me de que quando minha mãe morreu, eu tinha doze anos, ou um pouco menos. Quando comecei a perceber o que havia perdido, ia aflita a uma imagem de Nossa senhora e suplicava-lhe, com muitas lágrimas, que fosse ela a minha mãe”. (V1,7)
Teresa tinha onze irmãos: nove homens e duas mulheres (três com ela). Dentre eles, parece que a santa tinha uma especial predileção pelo irmão Rodrigo, companheiro de aventuras espirituais na infância. Rodrigo era o irmão que o precedia em idade. (Teresa era a quinta ou sexta filha). Todos os irmãos (homens) partiram para terras distantes. A relação de Santa Teresa com seus irmãos nem sempre era algo fácil. Teve que encarregar-se da educação da irmã mais nova (Joana). Quando o seu pai morreu teve que enfrentar o desentendimento entre as irmãs por causa da herança. Intermediou para que o irmão Lourenço tivesse paciência com as excentricidades e histeria do mais novo, Pedro. Uma família normal como todas as outras, com suas virtudes e problemas…
Santa Teresa, já em sua época mostrava-se preocupada com a situação das famílias em geral: “O mundo vai de tal maneira que, se o pai tiver uma condição inferior ao filho, este não se julga honrado em reconhecê-lo como pai” (Caminho 27,5)

Frei Marcos Matsubara

sexta-feira, 23 de outubro de 2015



Sínodo 2015: Trabalhos decorrem de forma «aberta»

Agência Ecclesia
 
     

 

Participantes sublinham tensão entre defesa da doutrina e diálogo com a sociedade

Cidade do Vaticano, 06 out 2015 (Ecclesia) - O arcebispo Claudio Maria Celli, presidente da Comissão para a Informação do Sínodo dos Bispos, disse hoje aos jornalistas que “o panorama está totalmente aberto” em relação ao resultado dos trabalhos da assembleia sobre a família.
O membro da Cúria Romana, onde preside ao Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, respondeu a uma pergunta sobre a questão do acesso à Comunhão dos divorciados recasados.
“O discurso está aberto”, assinalou, em conferência de imprensa, antes de elogiar o “ambiente de Igreja universal” que se vive no Sínodo, contrário a qualquer espírito de “gueto”.
Outro dos participantes no Sínodo que falou hoje aos jornalistas foi D. Paul-André Durocher, arcebispo de Gatineau, Canadá, o qual admitiu que existe “diferença de opiniões” sobre se a Comunhão aos divorciados recasados é uma questão de “doutrina” ou de “disciplina” da Igreja Católica.
“É um tema importante, muito importante, mas o Papa lembrou-nos que é um tema entre muitos”, acrescentou.
O responsável assumiu que os debates têm abordado a clivagem entre o “ensinamento” da Igreja e o mundo, procurando promover um diálogo que chegue às pessoas, com outra linguagem, sem desvirtuar a doutrina.
Um dos participantes sublinhou esta tensão ao afirmar: “Se abrirmos a porta, os lobos podem entrar no rebanho”.
A conferência de imprensa contou com os responsáveis pela informação em várias línguas, incluindo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Os trabalhos têm procurado sublinhar a “beleza” do casamento e da família, incluindo propostas para um tempo mais alargado de preparação para o matrimónio, e não apenas nas situações ditas irregulares ou de falhanço.
Vários participantes da América Latina alertaram para “pressões económicas” que pretendem impor princípios da “ideologia do género”, que consideram as exigências do matrimónio cristão como um peso.
O padre Lombardi precisou que entre os temas abordados nas reuniões gerais, desde segunda-feira, estiveram a imigração, as dificuldades da Igreja no Oriente, a violência doméstica e social, em particular sobre as mulheres, a exploração juvenil e a pobreza.
Alguns dos membros aludiram à possibilidade de recorrer à absolvição geral (a terceira forma do Rito da Penitência), como complemento à confissão individual, durante o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016).
Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-trabalhos-decorrem-de-forma-aberta/


Sínodo 2015: Bispos afastam cenários de mudanças «espetaculares»


Agência Ecclesia
 

(Lusa)



Trabalhos começaram com reflexão sobre papel central da família e abordaram desafios colocados pelo divórcio

Cidade do Vaticano, 05 out 2015 (Ecclesia) - O cardeal André Vingt-Trois, um dos presidentes-delegados do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, afastou hoje um cenário de “mudanças espetaculares” na doutrina da Igreja sobre o matrimónio e a família.
“Se vieram a Roma com a ideia de que iriam regressar com mudanças espetaculares da doutrina da Igreja, vão ficar desiludidos”, disse o arcebispo de Paris aos jornalistas, na primeira conferência de imprensa da 14ª assembleia geral ordinária do organismo consultivo, que decorre até 25 de outubro.
O responsável admitiu que desde a reunião extraordinária de 2014 houve “pressão” mediática, centrada em temas específicos como o divórcio ou a homossexualidade que muitas vezes não faziam parte das principais preocupações dos participantes.
Para o cardeal francês, não está em causa “abrir indiferentemente o acesso à Comunhão” para todas as pessoas, mas enfrentar a “profunda mudança” da sociedade, que a Igreja tem de acompanhar.
Já D. Bruno Forte, secretário-especial do Sínodo, acrescentou que a Igreja “não pode ser insensível” aos desafios de um tempo e de situações que mudam.
Nesse contexto, falou num “Sínodo pastoral”, mais do que “doutrinal”, procurando aproximar a Igreja dos “homens e mulheres de hoje”.
A primeira reunião de trabalhos, esta manhã, contou com a apresentação do relatório inicial, pelo cardeal Peter Erdö, relator-geral do Sínodo, no qual se propõe um acompanhamento “misericordioso” para quem vive situações familiares difíceis, sem questionar a “indissolubilidade” do matrimónio.
O relatório aborda casos específicos, como os divorciados não recasados, para os quais se pede a criação de centros de aconselhamento diocesanos que ajudem os cônjuges nos momentos de crise, apoiando os filhos “vítimas destas situações”, sem esquecer “o caminho do perdão e da reconciliação, se possível”.
Para os divorciados recasados, por outro lado, pede-se “uma aprofundada reflexão”, tendo em conta “um acompanhamento pastoral misericordioso que, no entanto, não deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimónio, como ensinado pelo próprio Jesus Cristo”.
"Não é o naufrágio do primeiro matrimónio, mas a convivência na segunda relação que impede o acesso à Eucaristia", pode ler-se.
O texto introdutório aborda o chamado “caminho penitencial”, especificando que este pode referir-se aos divorciados recasados que praticam continência e que, portanto, “poderão aceder também aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, evitando porém provocar escândalo”.
O texto passa em revista os desafios para a família - migrações, injustiças sociais, salários baixos, violência contra as mulheres - e a desconfiança atual face às instituições e aos compromissos definitivos.
Lançando os trabalhos deste ano, o cardeal húngaro frisou que os valores do matrimónio e a família oferecem possibilidades de “desenvolvimento” a cada pessoa que são únicas.
O relatório alude ao cuidado pastoral das pessoas homossexuais, reafirmando os princípios de “respeito e delicadeza”, antes de recordar que “não há fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus para o matrimónio e a família”.
Os últimos parágrafos abordam o tema da vida, lembrando a sua “inviolabilidade” desde a conceção até à morte natural, recusando por isso o aborto e a eutanásia.
Após propor uma “cultura da vida”, o relatório assinala a importância de um “um ensino adequado sobre métodos naturais para a procriação responsável”.
Em conclusão, o cardeal Erdö afirmou que “para enfrentar o desafio da família hoje, a Igreja deve converter-se e tornar-se mais viva, mais pessoal, mais comunitária, também a nível paroquial e nas pequenas comunidades”.
Os presentes forma depois informados da impossibilidade de participação do presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, e de D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, que seria o seu substituto.
 Fonte:http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-bispos-afastam-cenarios-de-mudancas-espetaculares/


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O mundo só mudará com “familias santas”, como a de Santa Teresinha
Reflexões de Frei Patrício Sciadini, ocd, superior carmelita no Egito 

Por Redação
Cairo, 18 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

Os olhos de todos os cristãos e não cristãos estão nestes dias fixos em Roma, onde se realiza a segunda etapa do Sínodo da Família. Centenas de bispos, de especialistas da pastoral familiar, reunidos buscam dar uma resposta  para “reconstruir a família humana” como lugar de alegria, de amor, de esperança,  onde se constrói o futuro de amanhã. A família “está doente”, de uma enfermidade que foi provocada um pouco intencionalmente, pelos meios de comunicação,  que colocam na mesa  das famílias de tudo: coisas boas e ruins, alimentos que saciam e que contaminam e nem sempre os comensais  têm a capacidade de reconhecer  os alimentos contaminados. A família tem também  se fragilizado  por outras causas ideológicas; em vista de solucionar os problemas de desentendimentos  e de conflitos  se tem visto  pessoas da família “fazerem as próprias malas” e irem para outros lugares,  na esperança de criar uma nova família, que não raramente, depois de um pouco de tempo,  também  começa  a  viver em tensões.

A igreja, mãe, mestra e companheira de caminho, está  tomando uma atitude muito séria, acertada: colocar-se na escuta de todos. O Sínodo é o grande espaço da escuta  de todas as vozes do mundo contemporâneo. Questionários preparados corajosamente foram enviados pelo mundo inteiro, seja  a pessoas de fé  e a pessoas sem fé.  A todos a Igreja pediu humildemente uma palavra de luz. Agora, juntos, se reflete sobre as repostas, para depois  dar uma “resposta” oficial do caminho a seguir, para “reconstruir a família”, oferecer remédios  que curam, cirurgia dolorosa, terapias longas,  caminhos  que não serão fáceis. Escutaremos gritos que chegam de todos os lados, de pessoas  que cantam a vitória  e de pessoas  que choram por  derrotas. Mas no amor não existe nem vitória e nem derrota, existe só o amor que ama, perdoa, é misericordioso e caminha  de mãos dadas para  abrir novos caminhos de luz e de esperança. Sem dúvida soam importantíssimas as vozes da  sociologia, da psicologia, da pastoral,  de todas as ciências humanas. A missão da Igreja é buscar caminhos e luz,  venham de onde vierem. Não é condenar, é amar, compreender e anunciar corajosamente a Verdade que liberta. Não a verdade anônima, obscura, ambígua, de superficialidade; a verdade que tem um nome e se chama JESUS. Ele é caminho, luz, verdade e vida.

Em  todo este vai e vem de idéias, de confrontos, de discórdias e quem sabe  de desuniões, a Igreja durante este Sínodo, tomou uma das decisões mais acertadas, mais luminosas para dar uma reposta que não pode ser contestada sobre o caminho a seguir, para reconstruir a família: a canonização dos pais de santa Teresa do Menino Jesus.

Que significa isto? Que mensagem a Igreja quer dar com este gesto profético e testemunhal de um casal  santo e de uma família santa?

Diante da canonização, isto é, da proclamação pela Igreja  como santos os pais de santa Teresinha, Luiz Martin e Zélia Guerin, surge uma pergunta que nos angustia a todos nós, especialmente aos casais   do mundo inteiro: mas como eles fizeram para chegar à santidade? A resposta simples é a mesma, que vale para todas as épocas e tempos: VIVENDO O EVANGELHO NA VIDA DE CADA DIA.  Hoje se recorre,  para “desculpar” a nossa mediocridade, a tantas desculpas que  servem só para nos confundir e não nos dão  uma clareza de vida: os tempos são diferentes, o mundo não é o mesmo,  os filhos não são iguais, a sociedade  é culpada e por aí vai... jamais porém poderá existir em todos os tempos e lugares, alguém que seja proclamado santo  que não tenha vivido o Evangelho.
Lendo a vida da família  Martin  nos deparamos com dificuldades que têm o sabor e a cor de toda história, dificuldades materiais. Houve momentos materialmente difíceis para a família Martin, em que o trabalho de “relojoeiro” de Luiz não era suficiente  e o peso das despesas  caía sobre as costas de Zélia, que administrava com competência  a pequena fábrica de  bordado. Dificuldades de caráter, Zélia era dinâmica,  pronta, ágil, de  grande intuição; já Luiz  era um homem  pacato, tranqüilo,  que gostava mais de viajar e de ficar em casa, preferia ficar lendo os seus livros e pensando que trabalhar na relojoaria. Dificuldades  na orientação educativa das filhas: Zélia era mais determinada e amorosa, mas mais dura;  Luiz era bondoso, gostava de brincar com as filhas,  contar histórias  ou levar as filhas à igreja. Mas havia pontos em comum: solidez da fé, o amor à Igreja, a participação aos sacramentos, uma educação cristã de verdade. O Evangelho e a doutrina da Igreja  eram seguidos “à risca”;  a família era uma pequena igreja, havia o amor aos pobres, se ensinava não com as palavras, mas sim com a vida. Uma família onde a chama do testemunho ardia sem se apagar. Teresinha define seus pais com uma pincelada que é  magistral: “Deus me deu pais mais dignos do Céu que da Terra”.
O gesto da Igreja de proclamar santos, durante o Sínodo da Família, os pais de Santa Teresinha será sem dúvida a mais bela intervenção pública de que  só famílias santas poderão transformar o mundo, a sociedade  e a Igreja. Sem as famílias santas  encontraremos  “paliativos”, mas a família irá continuar “enferma”,   incapaz de superar  as dificuldades   que são inevitáveis.Só o amor nos dá possibilidade, que embora as dificuldades, os caracteres  diferentes, os conflitos, podemos nos amar, perdoar e viver a alegria de estar juntos. Penso de continuar a escrever ainda sobre  os pais de Santa Teresinha proximamente.



Fonte:http://www.zenit.org/pt/articles/o-mundo-so-mudara-com-familias-santas-como-a-de-santa-teresinha

domingo, 18 de outubro de 2015

Vaticano: Papa canonizou pais de Santa Teresinha


São Louis Martin (1823-1894) e Santa Zélie Guérin Martin (1831-1877) são primeiro casal a ser canonizado em conjunto

Cidade do Vaticano, 18 out 2015 (Ecclesia) – O Papa Francisco canonizou hoje no Vaticano os pais de Santa Teresinha, primeiro casal a ser canonizado em conjunto, com exceção dos casos de martírio.

São Louis Martin (1823-1894) e Santa Zélie Guérin Martin (1831-1877) foram proclamados santos durante uma cerimônia que reúne milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

Francisco disse que os novos santos "viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus".

Na sua homilia, o Papa sustentou que há "incompatibilidade entre ambições e carreirismo e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama, triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado".

Simbolicamente, a canonização aconteceu durante o Sínodo dos Bispos sobre a família, que decorre até ao próximo dia 25, e no Dia Mundial das Missões, de que Santa Teresa do Menino Jesus é padroeira.

Os pais de Santa Teresinha foram declarados beatos pelo Papa emérito Bento XVI, a 19 de outubro de 2008, numa cerimônia presidida em Lisieux (França) pelo cardeal português D. José Saraiva Martins.

Louis, relojoeiro, e Zélie Martin, bordadeira, casaram-se em 1858 e tiveram nove filhos: quatro faleceram ainda na infância e cinco filhas seguiram a vida religiosa.

Para a canonização foram reconhecidas duas curas tidas como milagrosas: Pietro, criança italiana nascida em 2002, com uma malformação pulmonar, e Carmen, nascida em Espanha no ano de 2008, prematura e com uma grave hemorragia familiar.

As relíquias dos novos santos foram levadas pelas duas crianças durante a Missa.

O Papa canonizou ainda Vincenzo Grossi (Itália, 1845-1917), padre diocesano, fundador do Instituto das Filhas do Oratório, e Maria da Imaculada Conceição (Espanha, 1926-1998), religiosa da Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz.

"São Vicente Grossi foi pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo, especialmente à fragilidade dos jovens. Com ardor, repartiu o pão da Palavra para todos e tornou-se bom samaritano para os mais necessitados", recordou Francisco.

"Santa Maria da Imaculada Conceição serviu pessoalmente, com grande humildade, os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes", acrescentou.

A canonização, ato reservado à Santa Sé desde o século XIII, é a confirmação, por parte da Igreja Católica, de que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser apresentado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

"O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão", concluiu o Papa.

Assista abaixo o vídeo da missa de canonização:



Fonte: Agência Ecclesia: