"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sábado, 26 de junho de 2010

A importância da família

O relato de São João sobre as Bodas de Caná (cap. 2,1-11) mostra claramente como Jesus valoriza a família. Foi o Seu primeiro milagre, abençoando com Sua presença os noivos, que pretendiam iniciar uma nova família. Ele quis iniciar o anúncio do Reino em um casamento, mostrando que a família é importante para Ele.

A família é a base, o esteio, o sustento de uma sociedade mais justa. Ao longo da história da humanidade, assistimos à destruição de nações grandiosas por causa da dissolução dos costumes, a qual foi motivada pela desvalorização da família.

No nosso mundo de hoje, depois que ficou liberado o divórcio indiscriminadamente, a família ficou ameaçada em sua estrutura e é por isso que vemos, através dos meios de comunicação e até na comunidade em que vivemos, cenas terríveis. Filhos drogados matam ou mandam matar os pais, pais matam filhos por motivos fúteis, mães se desfazem de seus bebês, quando não cometem o crime hediondo do aborto quando a criança não tem como se defender. Há problemas seriíssimos. Quando os pais se separam alguma coisa se parte no íntimo dos filhos. Eles não sabem se é melhor ficar com o pai ou com a mãe. No fundo, eles gostariam de ficar com os dois. Em paz e harmonia, é claro.

O amor está sendo retirado do coração dos homens e das mulheres. E, em consequência disso, a família está perdendo a sua unidade e a sua dignidade. Isso acarreta a dissolução dos costumes. A família decai e a sociedade decai. Precisamos compreender e nos lembrar sempre de que Deus nos deu uma família a fim de que, num âmbito menor, nós pudéssemos aprender a amar todos os nossos semelhantes.

O desenvolvimento tecnológico tem seus pontos benéficos. Facilitou a vida das pessoas. Mas facilitou de tal modo que a humanidade ficou mal-acostumada. Só quer o que é fácil. Não se interessa pelo que exige esforço, luta. No entanto, o que conquistamos com esforço tem um sabor muito melhor. Parece que nos esquecemos disso.

Na passagem das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em vinho, em bom vinho. Ele poderia ter tirado o vinho do nada, mas Ele quis a participação humana. Por isso, mandou que enchessem as talhas de água. Hoje também o Senhor quer que nós enchamos a "talha de nossa vida", a nossa existência, de "água" que Ele transformará no melhor "vinho".

Que é que isso quer dizer? Quer dizer que precisamos colocar amor em nossa vida, em nossa família, para que Ele transforme esse amor humano em amor divino, o mesmo amor que une as pessoas da Santíssima Trindade e que é tão grande e tão repleto de felicidade, que extravasa, explode e quer ser espalhado entre nós. E é por meio dele que encontraremos a plenitude da felicidade.

Não é fácil cultivar o amor às vezes, é até difícil. Mas o difícil, quando conquistado tem um valor inestimável. Temos prova disso. Em uma competição esportiva, por exemplo, o vencedor fica mais satisfeito quando enfrenta adversários mais difíceis.

Viver em família, viver em união dentro da família não é fácil. Mas fácil não é sinônimo de bom. Talvez seja até o contrário.

A família precisa de amor para ser bem estruturada. A sociedade precisa das famílias para realizar a justiça e a paz porque a sociedade é uma família amplificada.

Falta o "vinho" para as nossas famílias. Esse "vinho" é o amor. É preciso que cada membro da família se esforce. Que os pais assumam verdadeiramente o seu papel. Apesar de ser bem árdua a tarefa dos genitores no mundo de hoje, não se pode desanimar. É necessária e urgente a ação paterna. O jovem é, por natureza, rebelde, quer ser independente. Desperta para o mundo e seus problemas e questiona tudo. Mas os pais precisam participar de sua vida, de uma maneira ou de outra, porque, mesmo errando algumas vezes, ainda assim, estes [os pais] têm capacidade de orientar e ajudar os filhos. Não podemos deixar tudo por conta dos companheiros, da escola, da sociedade ou de sua própria solidão.

Os pais devem fazer o acompanhamento dos filhos, procurar saber o que está acontecendo com eles, tentar ajudá-los de várias maneiras: com orientações, com atitudes exemplares, com o diálogo, com orações. Sempre. Tanto em casa, como na escola, na vida religiosa e social, nos namoros, entre outros.

Muitas vezes, os pais se sentem impotentes. Muitas vezes, achamos que já fizemos tudo e que nada conseguimos. Entretanto, esforçando-nos ao máximo, dando o melhor de nós por uma família mais feliz, estaremos enchendo de "água" a nossa "talha". E a Santíssima Virgem Maria já estará falando com o Filho: "Eles não têm vinho". E Jesus virá nos transformar, transformar a nossa "água" em "bom vinho", transformar a nossa dificuldade em vitória.


Autor: Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)

Fonte: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=11905

terça-feira, 22 de junho de 2010

A santidade da família no coração da Igreja

“O Bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do céu que da terra” (Sta. Teresinha do Menino Jesus)


Em 2008 foram beatificados, em Lisieux, os pais de Santa Teresinha.

Luis Martin nasceu em Bourdeaux, França, em 22 de agosto de 1828. Aos 19 anos começa a aprender o ofício que por longo tempo exercerá, o de relojoeiro. Meditativo, decidido e organizado, Luis carrega o sonho de ser monge. Ao ser solicitada sua admissão, pedem-lhe que antes complete seus estudos. Depois de um ano e meio abandona os estudos e
dedica-se totalmente à relojoaria, onde seus negócios prosperam. Aos 34 anos conhece Zélia Guérin com quem se casa, aos 13 de julho de 1858.

Zélia Guérin nasceu em Gandelain, França, em 23 de dezembro de 1831. Recebe em seu lar uma educação rigorosa, mas em seu coração transparente sobressai um espírito ativo, profundamente cristão, abnegada e caridosa para com os necessitados. Pede admissão entre as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. A superiora reconhece sua falta de vocação. Às vésperas de seus vinte anos faz uma novena à Virgem Imaculada para que a ilumine sobre a profissão a escolher. Sente profunda inspiração de iniciar um negócio com rendas. Assim inicia o Ponto de Alençon. Perto de seus 25 anos o desejo de casar-se cresce. E na ponte São Leonardo, ao passar pelo distinto jovem Luis, o coração de Zélia pressente, será ele.

A vida em família

Zélia e Luis Martin casam-se como era costume, à meia-noite, na Igreja de Nossa Senhora em Alençon. Luis tem 35 anos, Zélia 25 anos de idade. Diante de Deus dão um sim recíproco de fidelidade. Passaram quase dez meses vivendo em continência perfeita. Ao conversarem com um sacerdote, este os convence a terem muitos filhos para os consagrarem
a Deus. Terão nove filhos, dos quais cinco chegaram a consagrar-se a Deus na vida religiosa e quatro partem para o céu ainda pequenos.

Mais tarde escreverá Zélia a sua filha Paulina:

“Teu pai tinha gostos semelhantes aos meus, nossos sentimentos eram em uníssono, ele sempre foi um consolo e apoio para mim. E, quando foram chegando nossos filhos, vivíamos mais para eles, eram nossa felicidade e não nos encontrávamos em nós, mas, neles. Por isso desejava ter muitos para os encaminhar ao céu”.

Amor maduro e cristão, fonte de vida e felicidade, assim poderíamos descrever o relacionamento desses esposos Bem-Aventurados. Sobressaía uma amizade, respeito e carinho desejáveis a todos os casais. Escreve o Sr. Luis Martin à sua esposa:
“Só poderei chegar segunda-feira, tarda-me estar ao seu lado. Não se canse demais, recomendo-lhe calma e moderação, espero em Deus chegaremos a construir uma boa casinha. Tive a felicidade de comungar em Nossa Senhora das Vitórias, que é como um paraíso terrestre. Acendi uma vela toda a família. Abraço de coração a todas, esperando a alegria de estarmos reunidos. Seu marido e verdadeiro amigo, que a ama por toda a vida”.


Modelos de vida cristã

Luis e Zélia Martin participavam da Eucaristia todos os dias, comungavam com a freqüência possível em seu tempo, jejuavam possível em seu tempo, jejuavam e rezavam em família. Luis era exemplo de santificação do Domingo, não abria sua relojoaria em hipótese alguma, neste dia e nos dias de preceito. “Deus em tudo, Deus acima de tudo”, era seu lema. Tinha uma corajosa caridade com o próximo, sempre pronto a ajudar quando ouvia a sirene dos bombeiros, afogamentos, contendas e feridos. Assíduo na adoração noturna ao SS. Sacramento, ambos eram muito generosos na ajuda aos necessitados, mesmo à custa de sua própria tranqüilidade. Assim educavam as filhas a serem generosas de
modo especial com as obras missionárias da Igreja.

Desejavam que suas filhas se consagrassem a Deus, mas nunca lhes sugeriam isso, acolhendo com alegria generosa a entrada de cada uma das quatro para o Carmelo, a última sendo Teresinha, e de Leônia para a Congregação da Visitação. As filhas sempre tinham o testemunho de amor entre seus pais, de oração, de amor à Igreja, especialmente aos
sacerdotes, e de generoso serviço ao próximo, de mortificação, modéstia e fidelidade.

Acolhamos este testemunho de santidade em família, composto por pequenas ações, mas grandeza de alma, envolvendo tudo no amor com espírito de fé.


Bem-aventurados Luís e Zélia, intercedam pelos casais carmelitas, para que sejam abundantemente abençoados na realização da vontade de Deus em suas vocações!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

“Família não é invenção humana, é criação de Deus”, afirma Dom Dimas Lara

Na 2ª Peregrinação Nacional das Famílias a Aparecida

APARECIDA, quarta-feira, 2 de junho de 2010 (ZENIT.org).

- "Família é patrimônio da humanidade, já disse o papa Bento XVI. Está na hora de começarmos a resgatar este patrimônio, não apenas histórico, mas que brota do próprio coração de Deus. Família não é invenção humana, é criação do próprio Deus sonhada desde toda eternidade, desde toda criação", ressaltou dom Dimas por ocasião da 2ª Peregrinação Nacional das Famílias, evento que aconteceu nos dias 29 e 30, em Aparecida (SP).
Romarias de várias partes do Brasil estiveram presentes durante todo o domingo, 30, nas Celebrações Eucarísticas que aconteceram no Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida. A peregrinação é organizada pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB.
O tema do evento deste ano foi "Família, formadora dos valores humanos e cristãos". Muitos bispos e sacerdotes acompanharam as romarias de suas dioceses e paróquias.
Na celebração das 10h, o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, lembrou que as famílias do nosso país são chamadas a viver em comunhão com a Santíssima Trindade.
Para o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, a família é a base de tudo e é insubstituível. "A família é importantíssima e insubstituível na formação da pessoa, por isso refletimos que é formadora de valores humanos e cristãos".
Estiveram presentes o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer; o arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno; o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, dom Antônio Augusto Dias Duarte; o bispo auxiliar de Salvador, dom João Carlos Petrini; o bispo responsável pela Pastoral Familiar no estado de São Paulo, dom Paulo Roxo; o bispo de Jataí (GO), dom José Luiz Majella Delgado; o bispo de Santo André (SP) e presidente do Regional Sul 1 da CNBB, dom Nelson Westrupp.
2009
A primeira Peregrinação Nacional da Família aconteceu no dia 24 de maio de 2009 e reuniu 130 mil pessoas no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, sendo que pelo menos 40 mil participaram diretamente do evento. Na ocasião, o presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, dom Orlando Brandes, afirmou que o evento tinha por objetivo "despertar o brasileiro para o valor e a centralidade da família diante de tantas crises que passamos na atualidade". Ele disse ainda que "esse evento só vem confirmar a necessidade de defender a família, fortalecer, ajudar e apoiar os congressistas para observarem o seu valor primordial, para que assim eles possam ter base para aprovar urgentemente as causas de tão importante parcela da população brasileira".
(Com CNBB)