"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Santa Teresa e a economia


Teófanes Egidio in Introducción a la lectura de Santa Teresa, pp.88-103

Realmente extranha o peso quantitativo que o elemento econômico tem nos escritos de Teresa...

É muito significativo que o primeiro escrito seu conservado seja uma peça que reproduz, nem mais nem menos, a forma habitual de extender ordens de pagamento em seu tempo, e que sua última carta datada encara a inconveniência de fundar em Pamplona !se não é com alguma renda", dado que as esmolas daquele 1582 não eram já tão esperançadoras como das épocas passadas. Por fim morreu com o amargor de disgostos que parentes lhe ocasionaram por questões econômicas de herança.

No entreato movido de sua atividade, Madre Teresa teve que ver-se com pleitos inumeráveis, com angústias pecuniárias ou com fundações asseguradas por rendas generosas. TProntamente encontrou dinheiro inesperado (que chegam das míticas Índias) como soube da angústia reiterada de achar-se sem nada. Passou do sistema fundacional em pobreza (ao arbítrio da Providência) à convicção de não dar vida a nenhum mosteiro novo sem ter bem assegurados os recursos materiais. Não se consou de aconselhar sobre mil procedimentos, sobre inversões rentáveis, de conjurar apuros, de suscitar a assistência interconventual, de olhar com esperança para Sevilha, à espera de remessas que obssessionavam a todo castelhano daqueles tempos sobre os que, segundo Pierre Vilar, pesa a maldição do ouro.

1. Os metais preciosos como modelo da dinâmica espiritual

A sensibilidade para o fato econômico se manifesta em que, para fazer mais compreensíveis a seus leitores os fenômenos espirituais, não duvida em acudir aos sistemas monetários, aos metais preciosos, como modelo socorrido e corrente do mundo material, porém que vale para explorar os cristérios de valoração das dimensões sobrenaturais. Não esqueçamos as relações que ascendência de Teresa teve com este mundo do dinheiro...

É muito frequente a assimilação do oro a Deus e a suas obras, em recursos tão cordiais então àqueles castelhanos, tão parcos a maior parte das vezes no metal precioso como desejosos de possuí-lo. Entre estas obras de Deus sobressai, naturalmente, a da alma, para cuja descrição não encontra melhor recurso que compará-la com um castelo medieval, todo feito em diamante, como sucede nas Moradas, realizado pelo lapidador divino e ouro dos mais subidos quilates (1M 1,1 e carta ao P. Gaspar - 7.12.1577). Ouro, jóias, todo um conjunto de pedras preciosas fervem em sua pluma quando debate por tornar inteligíveis coisas divinas operadas na alma à medida em que entra na dinâmica da união, o grande presente que não pode provir do esforço humano, e "nele mesmo se vê não ser de nosso metal, senão daquele puríssimo ouro da sabedoria divina" (4M 2,6).

Pelo contrário, quando se trata de obras humanas, em especial se são da pobre Madre Teresa, acode-se à metáfora da moeda mais ínfima. Não às brancas, das que em tantas oc asiões da vida real se viu ameaçada, senão à moeda de cobre, quiçá fora do curso legal, como se de moeda velha e sem valor se tratasse. "Aqui ajudaremos com nosso vintém (cornadilho)", disse a d. Francisco de Salcedo, aludindo às orações com que compensá-lo pela sua generosidade (Carta 6.07.1568).

2. Gastos e ingressos de todos os dias

As fontes clássicas e as pessoas diretas não dão possibilidade para muito na intenão de captar a angustiosa e diária preocupação pela sobrevivência; não obstante cremos merece a pena insistir em um aspecto tão vital como este da vida de todos os dias, ainda mais quando um dos cuidados fundamentais da Fundadora concentrou-se em que nunca faltasse a suas filhas e filhos de comer, suficiente e bem, ainda que fosse às custas de sacrificar a abstinência, por exemplo (Carta 28.06.1568).

Segundo os livros de entradas e saídas do convento de Medina, onde Santa Madre foi priora - forçadamente - entre agosto e setembro de 1571, o capítulo fundamental de gastos é o constituído pela dieta de pão, ovos e azeite, completada geralmente com fruta e peixe, arroz e verdura. Pedro, o criado, os trabalhadores eventuais, as enfermas têm asse3gurada sua ração de boa carne, qinda que seja sexta-feira; o menu se enriquece em ocasiões com as mais variadas iguarias. À margem da comida, qualquer gasto extraordinário pode desequilibrar o pressuposto: uma viagem das superioras, o da própria fundadora, o envio de mensageiros especiais, alguma reparação no telhado ou na nora, etc, ultrapassam em muito os custos normais de alimentação e sacristia.

Quanto aos ingressos é simples: o produto do trabalho das monjas e a esmola do exterior. "Ajudem-se do labor de suas mãos" (Constituições 2), dedicação que preconiza contra os hábitos de sua época e que matiza até ao extremo para que não se converta em esgotante trabalho, mas que seja sossegado...

Com tais condicionantes a economia da casa ficava neste particular ao risco do encargo. O fato de ter-se conservado os livros de contas de fundações em centros industriais como Segóvia e Toledo, poderia-se medir o peso das comunidades como auxiliares de alguma fase da elaboração têxtil. Na verdade a esmola tem nestes centros uma importância muito maior, suporte autêntico da economia diária carmelitana.

Mas havia problemas. Em Ávila, por exemplo, as esmolas nunca foram muitas. Quando os abulenses ficaram sabendo de que o maior esmoleiro do convento, Francisco de Salcedo, deu uma minguada ajuda ao convento de São José ("que é tão pouco para comer, que ainda para jantar não se tem"), a cidade "retirou logo as esmolas que lhes davam (carta de 15.12.1581). Como último recurso as monjas correram para eleger Santa Teresa como priora. A observação da santa está cheia de humor e realismo: "me fizeram priora por pura fome" (carta de 8.11.1581).

3. O problema dos dotes e das rendas

De todas as formas as esmolas normais e o trabalho serviram para sair do apuro diário, mas nunca foram suficientes para afrontar os gastos consequentes à ereção das casas, aos extraordinários surgidos por causa do acondicionamento posterior, nem para enxugar dívidas de certa envergadura. Em tais circunstâncias a verdade é que abundaram os benfeitores generosos. Porém o aporte principal e permanente foi o dos dotes das professas.

Neste particular, como em todo o relacionado com o dinheiro, a mentalidade teresiana sofreu uma profunda, para não dizer radical, transformação à medida que seu programa original de reforma se foi matizando no contato com as realidades.

No princípio, traumatizada pela experi~encia da Encarnação, empenhou-se em eliminar tudo aquilo que pudesse constituir um atentado contra a mais estrita igaualdade comnitária.

Não obstante, deve-se encarar o risco de que, ao sonho da igualdade, a que entra "não entre só para remediar-se" (C 21,1; 14,1). Para obviar este outro perigo, porque nem o trabalho e a esmola bastavam, para conjurar a fome que se passa em São José ou em Beas, e ainda que siga pregando que se "as monjas são muito para nós que não temos de olhar tanto no dote", estabelecerá o princípio; "deixar de dar algum dote não convém" (carta 21,01.1577).

Uma história paralela se registra no que se refere às rendas. Ter rendas era o sonho do castelhano do século XVI. Santa Teresa não participou desta tendência inveterada. De ascendência judeu-conversa, convenvencida das exigências da pobreza, deparou-se com os hábitos correntes e, contra o costume de outros mosteiros, traçou a idéia dos seus sobre as bases econômicas do trabalho e da esmola, com escândalo e medo de muitos, com a complacência dos "espirituais", caminho que não foi tão fácil.

Não tardou, com a decisão de fundar os mosteiros sem renda alguma, a ver surgir dificuldades. Elas surgem quando sua previsão de fundar em núcleos urbanos bem dotados chocou-se ante a contingência de fundar em lugares sem tantos recursos econômicos, com risco para a esmola e com escassa esperança de colocar o produto do trabalho das monjas. Tal sucedeu com a fundação de Malagón, a terceira da série. Santa Teresa tinha que decidir diante de dois problemas. Um secundário: a dificuldade observar a abstinência da Regra; outro de mais transcendência: a necessidade de contar com uma renda. Santa Teresa resistiu à importunação de dona Luisa de la Cerda; porém nesta ocasião a tenaz senhora encontrou grandes aliados que acabaram por convencer a Santa e Malagón torna-se o primeiro mosteiro erigido sobre a plataforma econômica de ingressos fixos e seguros, levando, depois Santa Teresa a definir seu pensamento sobre o assunto. Superada a fase de vacilações, sua norma se esclarece:

"Sempre pretendi que os mosteiros com renda que fundava a tivessem de tal maneira que as monjas não precisassem dos parentes nem de ninguém, e que houvesse o bastante para o sustento e o vestuário, bem como um bom tratamento para as enfermas, porque da falta do necessário decorrem um sem-número de inconvenientes. E para trazer muitos mosteiros de pobreza sem renda nunca me falta coragem e confiança e por certo Deus não permitirá que me faltem; mas, para fazê-lops com renda, embora pouca, falta-me tudo e prefiro não fundar." Portanto, fica claro como as fundações sobre renda foram sempre uma excessão, justificada só pela penúria econômica do lugar...

4. O crédito e a inversão

Ainda que durante o curto tempo de sua vida de fundadora os conventos teresianos tivessem escassas possibilidades para a acumulação de capital invertível, em 1582 já se configura uma realidade: que junto a mosteiros que vivem de rendas coexistem outros endividados até a extremos preocupantes, como o de Ávila e de Sevilha. Uns recorrem a formas correntes de crédito para saldar sua economia deficitária, para afrontar gastos crescidos de edificação ou translado; outros aproveitam sistemas do momento para colocar suas sobras em inversões rentáveis. De tudo isso teve que estar a par a Santa Madre, preocupada ou tranquila, porém sempre imersa na maré de papelório, de operações financeiras de menor ou maior alcance, de contratos complicados cujas cláusulas tinha que ler e reler em todos seus pormenores para que não se repetisse o que aconteceu em Sevilha, quando por boa fé, o fiador, d. Lourenço de Cepeda, teve que correr para evitar a prisão por um imposto sobre vendas mal feitas (Fundações 25,9).

Estas operações a obssessionaram a tal ponto que aparecem como paradigmas em fenômenos espirituais. Tal sucede no Caminhho de Perfeição, quando para ressaltar o valor autêntico, perdurável da humildade e da obediência, diante de discutíveis gostos, mercês e arroubamentos, não tem outra ocorrência que estabelecer a seguinte comparação: " ...a moeda corrente, a renda segura, os juros perpétuos, em vez de censos remíveis, que se tiram e põem, são a grande virtude da humildade e da mortificação, da grande obedi~encia em não se popor em nada ao que ordena o prelado" (Caminho 19, 7).

Sua norma constante era de não acumular-se de juros e obter e gastar dentro das estreitas possibilidades. Se o recurso se faz inevitável, é imprescindível redimí-los o quanto antes, pela simples razão de que "seria muito bom ir quitando a carga" (carta 7.09.1574).

A prática de Santa Teresa é bem clara: quando é possível a opção, prefere o dinheiro constante e sonante aos títulos sobre a dívida pública ou privada. Ao menos para com estes últimos sente uma confessada aversão, pis nem todos os afetados tinham as mesmas condições que ela para tornar efetivos os juros. É o que diz a seu irmão: "Pensa que em cobrar os censos não há trabalho? Andar sempre em execuções. Olhe que é uma tentação" (carta 2.01.1577).

É compreensível que o fenômeno sobrenatural de uma personalidade extraordinária como a de Teresa tenha deslumbrado e drenado as preocupações dos teresianismas para ângulos menos mundanos que os da economia. Porém, é como ela mesma lamenta, mas faz parte de sua vida e missão: "faz tempo que tinha abandonado dinheiros e negócios, e agora quer o Senhor que não trate de outra coisa".


do blog:http://provsjose.blogspot.com/2009_08_01_archive.html

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Superar problemas de controle e confiança no casamento

Entrevista com o psiquiatra católico Richard Fitzgibbons

Por Genevieve Pollock

WEST CONSHOHOCKEN, segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).

- Muitos casais e famílias de hoje sofrem problemas de controle e confiança, afirma o psiquiatra Richard Fitzgibbons. Mas, graças aos sacramentos e à prática da virtude, estes problemas podem ser superados.
Este foi o tema de um recente encontro virtual de uma série patrocinada pelo Institute for Marital Healing, que oferece recursos para casais, conselheiros e clero sobre temas referentes à paternidade, idade adulta, vida familiar e casamento.
Fitzgibbons, diretor do instituto, trabalhou com milhares de casais e escreveu extensamente sobre estes temas. Em 2008, foi nomeado também como consultor da Congregação para o Clero, da Santa Sé.
Nesta entrevista com Zenit, Fitzgibbons fala sobre as causas modernas dos problemas de confiança, a diferença entre ser forte e controlador e as virtudes particulares que oferecem um antídoto para este problema.
- Você menciona que a seção mais popular do seu site é a dedicada ao cônjuge ou familiar controlador. Por que você acha que há tanto interesse neste tema?
Fitzgibbons: De fato, nós nos surpreendemos com a resposta das pessoas na seção do esposo ou esposa controlador.
Após pensar e rezar sobre este assunto, cheguei a uma compreensão mais profunda dos graves fatores pessoais e culturais que estão contribuindo para uma tendência a dominar ou a não confiar nos demais, algo que dá como resultado a necessidade de controlar.
- Você poderia descrever brevemente as características de uma pessoa controladora?
Fitzgibbons: A pior fraqueza de caráter em uma pessoa que cai na tendência a controlar – e todos nós podemos cair às vezes – é tratar o cônjuge (que é um grande dom de Deus) com falta de respeito.
A pessoa controladora se volta totalmente para si mesma, de tal forma que não consegue ver a bondade do seu cônjuge.
A outra grande fraqueza é deixar-se levar com rapidez e em excesso pela cólera. Os cônjuges e familiares controladores são também irritáveis e costumam estar tristes porque, de fato, não é possível controlar ninguém, dado que temos uma dignidade e um vigor como filhos de Deus.
Finalmente, as tendências controladoras afetam a entrega sadia e carinhosa no casamento e reforçam o egoísmo, uma das principais causas dos comportamentos controladores.
- Que danos podem ser causados por cônjuges ou familiares controladores?
Fitzgibbons: Os comportamentos controladores causam dano na amizade do casal, no amor romântico e no amor prometido, três áreas essenciais da entrega matrimonial que João Paulo II descreve em “Amor e Responsabilidade”.
A falta de respeito leva o outro cônjuge a sentir-se triste, bravo, desconfiado e inseguro. A não ser que esse conflito seja tratado de forma adequada e correta, podem desenvolver-se graves problemas, incluindo a depressão, ansiedade, abusos graves, infidelidade, separação e divórcio.
- Em nossa rápida sociedade, em que se exige das pessoas que controlem e dominem tantos aspectos da sua vida – economia, saúde, trabalho, família etc. –, uma natureza controladora não seria mais uma vantagem, inclusive uma necessidade para sobreviver? Você vê algo positivo neste tipo de personalidade?
Fitzgibbons: Sim, a confiança e o vigor são características saudáveis na personalidade, que nos permitem responder a muitos desafios no grande sacramento do matrimônio e na vida familiar.
No entanto, é necessário o crescimento diário nas virtudes, de maneira que um marido não pode cruzar a linha porque possui estas qualidades e converter-se assim em controlador.
As virtudes que são essenciais para equilibrar o dom da fortaleza são a amabilidade, a humildade, a mansidão, o autocontrole e a fé.
Uma das metas do casamento é a fortaleza e a confiança, mas não o controle. Convido muitos maridos fortes a rezarem a São Pedro para que os proteja e assim não sejam líderes controladores do seu lar.
- Você indica que, no coração de uma personalidade controladora, costuma haver problemas de confiança. Poderia ampliar isso?
Fitzgibbons: Uma importante causa da tendência a controlar ou dominar é o fato de ter prejudicado, na infância, a capacidade de uma pessoa de confiar ou sentir-se segura.
Depois, os cônjuges podem deixar-se levar de maneira inconsciente pelo medo, até uma forma de agir controladora, isto é, só se sentem seguros quando têm o controle, algo que certamente nunca terão. No passado, os conflitos comuns da infância eram o alcoolismo, os enfrentamentos entre os pais e a experiência de um progenitor controlador.
Os motivos mais recentes de graves danos à confiança durante a infância são a cultura do divórcio, a creche e a epidemia de egoísmo nos pais, causados em grande parte pela uma mentalidade anticonceptiva. Além disso, os homens inseguros assumem comportamentos controladores em uma tentativa de estimular sua confiança masculina. Nos adultos jovens, a cultura das relações diversas também danifica gravemente sua capacidade de confiar sem que eles percebam.
Finalmente, no Catecismo da Igreja Católica, descreve-se um fator espiritual importante que não deveria ser deixado de lado: “Todo o homem faz a experiência do mal, à sua volta e em si mesmo. Esta experiência faz-se também sentir nas relações entre o homem e a mulher. Desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, o espírito de domínio, a infidelidade, o ciúme e conflitos capazes de ir até ao ódio e à ruptura” (n. 1606).
- Como uma pessoa pode começar a enfrentar estes temas e mudar seu jeito controlador? Como uma pessoa pode ajudar alguém a quem ama e que pode ser controlador?
Fitzgibbons: O primeiro passo é a necessidade de descobrir esta grave fraqueza matrimonial.
Se os esposos confiassem mais em Deus dentro dos seus casamentos, não temeriam enfrentar esta dificuldade e buscar superá-la.
A mudança necessária pode acontecer por um compromisso de crescer em confiança em Deus e no próprio cônjuge, por um processo de perdão àqueles que, na infância, prejudicaram a confiança, por uma decisão de deter os repetidos comportamentos controladores de um pai, pela meditação regular sobre o fato de que Deus tem o controle e pelo crescimento em numerosas virtudes, entre as quais estão incluídos o respeito, a fé, a amabilidade, a humildade, a magnanimidade e o amor.
O papel da fé pode ser muito eficaz para enfrentar esta grave fraqueza de caráter. Vimos notáveis melhorias na luta contra isso através da graça no sacramento da reconciliação. Animamos os casais católicos controladores a buscarem a cura neste poderoso sacramento.
Além disso, as esposas controladoras podem se beneficiar do aprofundamento em sua relação com Nossa Senhora, vendo-a como modelo e adquirindo suas virtudes, descritas por São Luis Maria Grignion de Monfort no “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.

Os maridos controladores serão beneficiados pela meditação sobre São José, na qual podem pedir-lhe que os ajude a ser amáveis, sensíveis, líderes entregados e alegres em seus casamentos e famílias.
- Como psiquiatra, quando você acha que deveria ser sugerido que se busque ajuda externa, de um sacerdote ou conselheiro, para curar as feridas emocionais de uma pessoa?
Fitzgibbons: Recomendo ir a um sacerdote antes de ir a um conselheiro, porque muitos profissionais da saúde mental apoiam a atual cultura do egoísmo.
Brad Wilcox, um jovem sociólogo católico da Universidade de Virgínia, escreveu sobre a influência do campo da saúde mental no casamento: “A revolução psicológica, ao centrar-se na realização individual e no crescimento pessoal, deu como resultado que o casamento acaba sendo visto como um veículo para uma ética orientada à própria pessoa, uma ética do romance, da intimidade e da realização”.
“Nesta nova postura psicológica dentro da vida matrimonial, a obrigação primária da pessoa não é a própria família, mas ela mesma; daí que o êxito matrimonial tenha sido definido não como o cumprimento exitoso das obrigações com relação ao cônjuge e aos filhos, mas como uma sensação forte de alegria subjetiva no casamento – que se encontraria em e através de uma relação intensa e emocional com o cônjuge.”
Acreditamos que um compromisso sincero de cada um dos cônjuges por crescer no conhecimento de si mesmo e nas virtudes pode resolver o conflito de um esposo controlador sem a necessidade de uma terapia de casal. Não obstante, estão disponíveis novas fontes de referência matrimonial, fiéis aos ensinamentos de Cristo, nos sites de Catholic Therapist e Catholic Psychotherapy.
A intercessão de Nossa Senhora em Caná conduziu ao primeiro milagre do Senhor, levando mais alegria a um jovem casal. Convidamos os casais católicos a lutarem contra os conflitos de controle e egoísmo dirigindo-se a Ela, para outro milagre em seus casamentos.
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Na internet:
Institute for Marital Healing: http://www.maritalhealing.com/

domingo, 7 de fevereiro de 2010

DOMINGO, 7 DE FEVEREIRO DE 2010 Se quiser ser santo, entre num Carmelo


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m-carminha

Instaurado processo de canonização de religiosa que viveu no interior de São Paulo

Por Alexandre Ribeiro

TREMEMBÉ, domingo, 7 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- “O Carmelo é um vergel de santos. Se quiser ser santo, entre num Carmelo”. Com alegria e bom humor, as carmelitas de Tremembé (135 km de São Paulo) anunciaram a introdução da Causa de Canonização de Madre Maria do Carmo da Santíssima Trindade.

Neste domingo, 7 de fevereiro, o bispo de Taubaté, Dom Carmo João Rhoden, preside à cerimônia de introdução da Causa de Madre Maria do Carmo, conhecida como Carminha de Tremembé, fundadora do Carmelo Santa Face e Pio XII, onde hoje vivem 19 carmelitas, nessa cidade do Vale do Paraíba, interior do Estado de São Paulo.

Ao descrever o Carmelo como um “vergel de santos”, Madre Thereza Maria, uma das responsáveis pelo processo de canonização, não exagera. Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha do Menino Jesus, para recordar três, são santos carmelitas doutores da Igreja.

Mas qual é a alegria de viver num Carmelo? “É viver para Ele, viver para Jesus”, respondem com sorrisos nos lábios, quase em coro, as cinco religiosas que receberam ZENIT na semana passada para conversar sobre sua Madre fundadora.

Madre Maria do Carmo (Carmen Catarina Bueno) nasceu em Itu, interior de São Paulo, a 25 de dezembro de 1898. Aos 18 anos, foi noiva. Mas, ao ingressar em um renomado colégio religioso em São Paulo, que o noivo, de família rica, indicara para que aprimorasse seus conhecimentos e se preparasse para o matrimônio, deu seu sim à vocação religiosa.

No colégio em São Paulo, em meio aos estudos humanísticos e ao amor pela literatura e poesia, depara a “História de uma Alma”, da futura Santa Teresinha. Então decide ser como a jovem de Lisieux, carmelita.

Em 1926, aos 27 anos, Carminha ingressa no Carmelo São José, no Rio de Janeiro. Ali exerce o papel de mestra de noviças, sub-priora e priora. Em 1955 deixa o Rio para ir fundar o Carmelo da Santa Face e Pio XII, em Tremembé.

Sob sua liderança e determinação, em dois anos, uma ala e meia do mosteiro estava construída. Em mais alguns anos toda área já estaria estruturada, com capela, refeitório, jardins e chácara.

Ali desenvolve sua vida em oração e humildade, virtude destacada pelas religiosas que conviveram com ela. Dedicou grande atenção à formação do noviciado e ao cuidado das irmãs de comunidade.

Em letra firme e bela, exprimiu em poemas, durante toda vida, a sofisticação de seu espírito e a total entrega ao amor de Deus.

Ao refletir sobre a morte, confessou em soneto: “Não posso mais, ó Deus meu Pai, sofrer / do céu a nostalgia que consome... / o anseio torturante de vos ver / é gozo que crucia, é dor sem nome! / Se apenas um vislumbre de prazer, / do amor que se revela e que não dorme, / o exílio transfigura e o padecer... / que então será, no Céu, saciar a fome” (...).

Madre Caminha morreu em 1966, acometida de derrame cerebral. Tinha 67 anos. Sua fama de santidade extrapolou a clausura do Carmelo em 1972. Havia o projeto de mudar o mosteiro para a cidade de Mairinque (São Paulo). Seu túmulo foi aberto e constatou-se a conservação do corpo.

“Parecia a tarde do enterro”, conta Madre Teresa Margarida, priora do Carmelo. “Até as flores estavam conservadas”, recorda a priora, que conviveu durante 10 anos com Madre Carminha.

A partir desse episódio, a fama de santidade se espalhou pelos Carmelos e comunidades. O povo de Tremembé se mobilizou e impediu que o corpo e o mosteiro completo mudassem de cidade.

Um depoimento gravado do médico que acompanhou a exumação revela sua surpresa: “Estou profundamente emocionado”, disse o Dr. Mário Degni, da Universidade de São Paulo.

No entanto, os próprios técnicos que procederam à exumação indicaram que o corpo fosse recolocado na sepultura, deixando duas aberturas, por onde ventilasse o ar, para ver se se desfazia. De fato, o corpo foi-se desfazendo, o que se constatou em exumações posteriores.

A indicação de Igreja, porém, “é não mexer”, explicou Madre Thereza Maria, que reconhece que, por desinformação, houve um erro ao fazer as aberturas no caixão.

Mas a posterior decomposição do corpo não comprometeu a devoção. O fiéis passaram a se dirigir cada vez mais à intercessão de Madre Carminha em pedidos de cura e bênçãos de Deus.

Segundo as carmelitas de Tremembé, há dois casos de milagres que já poderiam integrar o processo de canonização: o de um recém-nascido curado de uma luxação congênita no joelho (hoje uma criança de dois anos que corria pelo jardim do Carmelo um dia antes de ZENIT visitar as religiosas). E o caso de um adulto que, já desenganado pelos médicos, foi curado de peritonite aguda. Hoje é um senhor que propaga a devoção a Madre Carminha.

Deus sabe se no futuro o nome de Madre Carminha de Tremembé constará no vergel de santos do Carmelo. Mas o que a Igreja sabe é que a cada dia aumentam os fiéis que se dirigem à madre poetiza, que viveu a humildade no claustro.

De Carminha de Tremembé permanecem a fama de santidade, os belos poemas, o testemunho de vida. E também algo que, de certo modo, fica de toda religiosa de clausura, cujo testemunho fortalece a esperança e alimenta o mundo de amor.

Uma vida clarividente, refletida em versos. Escreve Carminha: “Um terno olhar de Deus em mim poisando / e do Carmelo eu vim bater à porta, / entre risos e lágrimas sonhando / ser – hóstia de Jesus, ou viva ou morta... / Custou-me o sacrifício... mas que importa, / se a dor que mora na alma vai cantando? / Se os olhos jorram pranto? A fé transporta / além e faz sorrir quem sofre amando... / Hóstia de expiação... hóstia a cantar / a loucura da cruz e o Amor supremo / que da terra meu ser desprende e arranca... / Corpo de Luz – sacrário a custodiar / na solidão, na prece e zelo extremo / minha alma – Hóstia eternamente branca!”


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