"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fruto da JMJ: um casal se converte e desiste de abortar


A vida que a JMJ salvou
Jovens peregrinos convencem um casal a não abortar

MADRI, sexta-feira, 26 de agosto de 2011 (ZENIT.org) –

A 26ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) conseguiu, entre seus numerosos frutos, salvar uma vida humana, já que uns peregrinos que foram a Madri, para o evento, convenceram um casal a não abortar.
No último dia 19 de agosto, um grupo de jovens pró-vida irlandeses começou a rezar na frente da igreja de San Martín de Tours, onde há uma importante clínica de abortos, segundo informou a ZENIT o Centro Internacional para a Defesa da Vida Humana (CIDEVIDA).
Um casal chegou até o lugar com a intenção de abortar e os jovens foram ao seu encontro, explicando-lhes as razões pelas quais não deveriam fazer isso.
Uma voluntária de CIDEVIDA, organização que tinha uma exposição instalada no claustro dessa igreja madrilena cêntrica, uniu-se ao grupo e colocou o casal em contato com a fundação de apoio, assessoria e ajuda à mulher grávida, Red Madre.
Esta rede se comprometeu a prestar apoio para o nascimento do filho do casal, que consolidou assim sua decisão de não abortar.
Para o secretário de CIDEVIDA, Juan José Panizo, "o presente desta vida é uma alegria para todos". "Obrigado, Bento, por ter vindo", expressou, elogiando também a ação dos voluntários da entidade pró-vida e dos peregrinos irlandeses, que, depois desse encontro, voltaram a rezar de joelhos no mesmo lugar.
Um grupo de pessoas preocupadas pelas consequências da nova lei do aborto na Espanha colocou em marcha o CIDEVIDA em 2009, para informar sobre a realidade do aborto e promover alternativas para ajudar as mulheres com problemas diante da gravidez.
Entre outras atividades, a entidade mantém, na Villa de Tordesillas, na província de Valladolid, uma exposição permanente sobre o aborto, um centro de ajuda às mulheres grávidas e de atenção à síndrome pós-aborto, bem como um centro documental.

Fonte: Zent.org

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Abortos Ocultos: "contraceptivos orais combinados"

O cônjuge como um caminho para Deus

Nossa salvação está unida ao outro e vem por meio do outro

"O encontro de duas pessoas em Deus – por intermédio da oração ou da vivência religiosa compartilhada – é uma das formas mais ricas e profundas de encontrar-se, já que estamos diante de Deus, com melhor que cada um possui. Diante do Senhor nos desprendemos de tudo o que normalmente dificulta o encontro e vamos assumindo com mais objetividade a atitude compreensiva, benigna e compassiva do amor de Deus.

A união de duas pessoas pelo sacramento do matrimônio abre a eles uma nova possibilidade de amor sobrenatural: o cônjuge como um caminho para Deus, como lugar de encontro com Deus. No momento solene das bodas, Cristo diz a cada um: Eu, desde agora, vou te amar especialmente através do cônjuge, vou convertê-lo em santuário do meu encontro contigo. E com isso me deixa o grande desafio de buscar ao Senhor no coração do outro onde desde agora está me esperando, de descobrir o rosto de Cristo no rosto do meu cônjuge, de acolher seu amor como transparente e reflexo do amor divino. Em contrapartida, eu devo ser Cristo para o outro, dar a ele o amor, a luz e a força que necessita para crescer e chegar até Deus. E assim cada um se aceita e se doa ao outro como lugar privilegiado de encontro com o Senhor.
Por isso, em todo matrimônio cristão está sempre Deus como terceiro, quem faz de ponte e laço de união entre os cônjuges. E precisamente quando Deus não ocupa esse lugar dentro do matrimônio, então há sempre lugar para outro terceiro, que destrói a aliança matrimonial.

O matrimônio é uma comunidade de salvação unida por um vínculo sobrenatural. O amor de Cristo e Maria selam nosso amor. Estamos unidos como a videira e os brotos. Nossa salvação está unida ao outro e vem por meio do outro. Minha santidade repercute no outro, meu pecado também.
Tão profunda é essa aliança [matrimonial] e esse conhecimento mútuo que os esposos deveriam chegar a ser diretores espirituais um do outro. Tanto se conhecem que podem ajudar ao outro em seu caminho de santidade. Essa aliança de amor se dá entre os esposos e dos esposos com Deus. Por isso é comunidade de salvação, de amor, vida e tarefas com Cristo e Maria.

Compartilhamos sua missão e junto com eles caminhamos para Deus Pai. Em caso que os contraentes humanos entrem em crise o terceiro os ampara. Cristo carrega com eles o matrimônio.

Depois de nossa consagração a Virgem ela também começa a ser uma aliada e nos ajuda no caminho. Ela também nos ampara.
O que dissemos sobre o matrimônio vale para todos os membros da família: pais, filhos, irmãos... Cada um é Cristo para os demais, reflexo do Senhor. Cada um é e há de ser, para o outro, um caminho para o Senhor, caminho privilegiado de amor a Ele.
Nisso encontramos o sentido da aliança matrimonial e o sentido da aliança familiar: Todos juntos, unidos e aliados com a Virgem Maria, caminhamos para Deus. Todos juntos, nos amando mutuamente como ao Senhor, nos consagramos a Maria e, mediante ela, nos entregamos para sempre a Deus.

Queridos irmãos, se nos deixamos educar e guiar pela Virgem Maria, então a aliança com ela é como uma grande escola de amor. Nela aprendemos a amar para percorrer os caminhos do amor divino e chegar ao coração do Pai. E é assim que se tornará realidade em nossa vida a aliança com Deus."
Autor: Padre Nicolás Schwizer - Movimento apostólico Shoenstatt

domingo, 21 de agosto de 2011

Dia dos Pais - Significado e orações


Os pais têm um papel importante na formação do caráter dos filhos
O mês de agosto é o Mês das Vocações. Dentro da vocação familiar, da feliz união entre um homem e uma mulher, nós celebramos a cada segundo domingo de agosto o Dia dos Pais. Equilibrando erros e acertos, os pais têm um papel importante na formação do caráter e no decorrer da vida dos filhos.

Os pais acompanham seu crescimento, seu desenvolvimento intelectual e se esforçam para dar aos filhos conforto, boa alimentação, educação de qualidade. E, em geral, procuram orientá-los para que possam enfrentar o mundo, com suas alegrias, com seus dissabores. Acompanham-nos em suas vitórias, em seus fracassos, em suas lutas.

É claro que há exceções, mas essas exceções só confirmam a regra porque pais que não se preocupam com seus filhos não estão no seu estado natural, normal. O mundo de hoje apresenta anomalias absurdas. Temos notícia de pais que torturam seus filhos, que os desrespeitam, que espancam ou matam a mãe na presença dos filhos. Mas isso não é o correto, o desejável, a razão pela qual Deus os fez pais.

A família – o Lar cristão – Igreja doméstica – Santuário da vida – é a célula básica da sociedade. Deus nos coloca numa família para que nela aprendamos a amar e, porque aprenderemos a amar sem medidas, Ele espera que extravasemos esse amor para a vizinhança, para o bairro, para toda a cidade, para o mundo.

Dentro da família, o pai é o apoio, o amparo, a proteção, tal como São José o foi na Sagrada Família. Precisamos de muitas orações pelos pais, para que eles tenham saúde, caráter, amor no coração e para que eles sejam amados e respeitados pelos seus filhos, que se espelharão neles [pais] para construir a própria vida.

E, mais importante do que tudo isso, que nossos pais sejam educadores de seus filhos na fé, transmissores da fé católica e deem testemunho de discípulos-missionários de Jesus Cristo.

Uma prece especial fazemos pelos pais e avôs que já nos precederam no convívio celeste da comunhão dos santos. Da mesma maneira, aos pais presentes, que Deus abençoe os pais de todo o mundo. Sendo eles abençoados, as famílias o serão e a humanidade poderá conhecer uma vida melhor.

 
Autor: Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)


terça-feira, 9 de agosto de 2011

O discernimento vocacional dos Beatos Luis Martin e Zélia Guerin, pais de Santa Teresinha


"O Bom Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do Céu que da terra" 
(Santa Teresinha, Carta de 26.7.1897)

Segue um relato sobre o discernimento vocacional dos Beatos Luis Martin e Zélia Guerin, os pais de Santa Teresinha. São trechos retirados da obra "História de uma Família" do frei STÉPHANE JOSEPH PIAT, ofm. Esta narrativa mostra o período das dúvidas que sofreram na juventude até o casamento deles em julho de 1858:
"Foi no começo do outono de 1845 - sem que possamos determinar a data precisa do fato - que Luís Martin se decidiu a dar seguimento ao seu projeto de vida mais perfeita. Completara vinte e dois anos. Chegara para ele a hora de escolher entre o casamento e o serviço do altar. Optou pelo claustro.

Possuía uma sólida formação religiosa. O capitão Martin tinha-lhe ensinado a entregar-se a Deus sem reservas, numa doação total, à maneira de soldado, ou antes, de combatente. A comunhão, tão freqüente quanto o permitiam os costumes do tempo, apuraram-lhe a piedade. O contato com a fé bretã e alsaciana só podia fortificá-la. O temperamento de tendências contemplativas levava-o à conversação íntima, coração a coração, Com o Mestre interior que arrebata a alma, como presa Sua. E ele deixou-se arrebatar.

Para que lado havia de se dirigir? Contemporâneo do alvorecer do romantismo, iniciara-se Luís, precocemente, no culto da natureza. A majestade de um pôr do sol, os murmúrios da floresta, o marulhar das vagas, convidavam-no a um recolhimento que se assemelhava à contemplação. Este apaixonado de Chateaubriand e de Lamartine era, além disso, um cristão habilitado à leitura da Bíblia. Sensível às belezas da "terra carnal", depressa as ultrapassava, para cantar ao modo franciscano "o hino das criaturas". Gostaria de estabelecer o seu retiro num desses lugares grandiosos onde a própria paisagem eleva os olhares para o céu. Soubesse ele, além disto, de um Instituto onde a atividade impregnada de oração pudesse satisfazer o ardor cavalheiresco, que sentia palpitar dentro de si, o atrativo da aventura e o gosto do perigo ... e estava feita a escolha.

Seria guiado neste caminho pelo seu diretor espiritual ou por algum turista regressado de além-montes? Atuaria nele, irresistivelmente, a recordação da viagem realizada dois anos antes? O certo é que julgou encontrar no Eremitério do Grande S. Bernardo a realização plena do seu ideal. Lá no alto, na cadeia dos Alpes Peninos, a 2.472 metros de altitude, no cimo da garganta que separa o Valais Suíço do vale de Aosta, confiado aos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, fica a Hospedaria de Mont-Joux, ali erigido, há nove séculos, por S. Bernardo de Menthon. Depois de, lá no alto, no meio da sua paisagem fantástica, cantarem os louvores de Deus, os grupos de religiosos salvadores seguem, guiados pelo faro dos cães, através das geleiras, por frios rigorosos de vinte graus negativos a socorrer as vítimas de avalanches ou os viajantes perdidos na neve. Esta combinação de vida claustral, de oração poética e de caridade heróica não realizaria bem o sonho de Luís Martin?

O fato é que, em Setembro de 1845, segundo todas as probabilidades, toma o bordão de peregrino e, de Estrasburgo, onde sem dúvida pára, dirige-se, ora a pé ora em diligência, à fronteira da Suíça. O caminheiro de Deus extasiava-se diante de tantos esplendores semeados como que a mãos cheias pelo caminho. A sua alma agradecida encontrava em tudo um tal alimento que, por vezes, era obrigado a parar e a chorar de comoção e de alegria. Cansado do mundo, como Dante, mas sem ter conhecido a existência atormentada do grande Florentino, o que ele vinha mendigar à porta do Mosteiro era "a Paz".

O Prior recebeu benevolamente aquele jovem cujo olhar tinha um não sei quê de límpido e de exaltado, ao mesmo tempo. Interrogou-o a respeito dos motivos que inspiravam a sua resolução, a respeito da família, e a respeito dos seus antecedentes. Edificado quanto a este ponto, inquiriu acerca dos estudos e depressa verificou que o visitante não tinha percorrido o ciclo de formação clássica.

Luís Martin teria esperado talvez remediar ali mesmo essa deficiência? O certo é que ficou extremamente desconsolado quando o religioso lhe respondeu que o conhecimento do latim era indispensável para ser admitido entre os religiosos e o convidou a voltar para casa, para lá continuar o estudo das humanidades. Foi com a alma de exilado que Luís desceu o flanco da montanha. Até ao fim da vida, conservará no coração a saudade do Eremitério e a visão nostálgica da cela onde se vive "só com o Só ou com o Único necessário".

Naquela ocasião julgou tratar-se de um simples adiamento.

No regresso a Alençon confiou os seus desígnios ao Deão de São Leonardo, que aceitou o encargo de o orientar na sua realização. Os assentos das contas meticulosamente registradas, dia a dia, marcam desde 16 de Outubro de 1845 até aos princípios de Janeiro de 1847, compras freqüentes de manuais escolares e de autores latinos, gregos e franceses. Verifica-se igualmente a freqüência regular de um curso ao preço de um franco e meio cada lição, em casa de um certo senhor Wacquerie. Podem contar-se cento e vinte lições, com uma interrupção, registrada, como tudo o mais, com todo o cuidado, de 18 de Maio a 23 de Junho de 1846. As páginas relativas ao primeiro semestre de 1847 não fazem já qualquer alusão a honorários de professores ou a despesas de livros. Pelo contrário, a menção da troca de um dicionário latino-francês, leva-nos a crer que os estudos haviam sido postos de parte. Foi nesta época que a doença obrigou o jovem a dizer adeus aos seus queridos livros e a ocupar-se de trabalhos menos absorventes. No fato viu ele uma indicação providencial e resolveu voltar aos seus instrumentos de relojoaria.

De certo para completar a aprendizagem dirigiu-se então para a Capital. Tinha ali algumas relações de parentesco e de amizade: a avó, a Senhora Boureau-Nay, que contava setenta e quatro anos e vivia duma pensão paga pela família; o tio por afinidade, Luís Henrique de Lacauve, coronel reformado, que habitualmente residia em Versalhes e o filho deste, Henrique de Lacauve, aluno da Escola Militar, unido a Luís Martin por amizade realmente fraternal, e que partiria para a África a 14 de Dezembro de 1848.

A permanência em Paris, que parece ter durado dois ou três anos, foi a prova decisiva para a fé do nosso herói. O espírito voltairiano, que presidira ao advento da Monarquia de Julho, dominava ainda nos meios intelectuais, apesar da vigorosa contra-ofensiva de Lacordaire e de Montalembert. As classes dirigentes, obedecendo à palavra de ordem de Guizot: "Enriquecei", continuavam surdas aos rumores de revolta que subiam das massas populares.

Frederico Ozanam lançava em vão o seu grito de alarme para chamar a atenção da opinião pública sobre o perigo social e sobre a miséria espiritual e material do proletariado; será necessário a sangrenta agitação de Junho de 1848. Mas, entretanto, Paris não acredita no perigo e diverte-se.
Luís Martin vai entrar em contado com o perigo. Uns desconhecidos, explorando a sua natural generosidade, convidam-no a fazer parte de um clube filantrópico aparentemente dedicado a obras de caridade. Averigua mais a fundo o valor da identidade deles e descobre que, na realidade, trata-se duma sociedade secreta. A sua lealdade revolta-se. Só gosta da luz. As obras das trevas é que buscam as trevas. Rejeita resolutamente esses convites e salva a sua liberdade.
A distinção natural e o encanto da sua pessoa expõem-no a solicitações de outro gênero, que só a sua fé robusta ajudará a repelir. Mais tarde falará disso em confidência a sua esposa, que daí tirará partido para acautelar o irmão mais novo, que se encontrava então na capital a tirar o curso de medicina.
Adivinha-se a alegria com que Luís Martin se arrancou a tal meio para regressar ao ar sadio da Normandia. Encontrava-se em plena posse da sua arte. Apreciava nela a preocupação do pormenor, o sentido da exatidão, a delicadeza realçada pela nota artística. Ele, que contemplava extasiado a harmonia do mundo sideral em que se diverte o poder do "Divino Relojoeiro", manejava com igual ternura as peças minúsculas de uma mecânica de precisão. A sua consciência profissional tirava dai uma alegria entusiasta que o assemelhava, pelo gosto do trabalho acabado, aos briosos artífices da Idade Média.
Uma santa senhora de Alençon, Felicidade Baudouin, que tinha por ele grande consideração, ajudou-o a estabelecer-se nesta cidade. A 9 de Novembro de 1850 fez a aquisição de uma casa situada na ma da Ponte Nova, número 15, e aí instalou a sua oficina de relojoaria a que mais tarde anexou uma joalheria. Ficava na freguesia de S. Pedro, nas proximidades da ponte que transpõe o Sarthe, em direcão a Montsort. O bairro, um pouco afastado, só se animava em dias de mercado, e mesmo assim sem febre nem precipitações, pois que a cidade raras vezes perde o seu ar de tranquila dignidade. O prédio era vasto e possuía um iardinzinho. O Capitão Martin e sua esposa ali viveram com o filho.
Inaugurou então a existência laboriosa, metódica e quase monástica que devia levar perto de oito anos. De estatura elevada, aprumo de oficial, fisionomia simpática, fronte vasta e descoberta, tez clara, um belo rosto oval emoldurado de cabelos castanhos, nos olhos escuros uma chama suave e profunda, havia nele um misto de fidalgo e de místico que não deixava de impressionar. Uma rapariga muito rica, amiga da família, tinha pensado em casar com ele. Mas ele furtou-se à solicitação. Pretendia reservar a sua liberdade para Deus. A oficina transformara-se num retiro claustral onde prolongara interiormente o sonho tão cedo desfeito. O trabalho minucioso exige recolhimento e silêncio. Nada mais favorável à evasão para o Altíssimo.

Ao domingo a porta do estabelecimento mantinha-se obstinadamente fechada. Luís entregava-se com os seus aos exercícios de piedade. A maneira de distração juntava-se facilmente a um grupo de amigos pertencentes à burguesia de Alençon e a que chamavam familiarmente, devido ao nome de um dos dirigentes, o Círculo Vital-Rouet.

Encontravam-se num local da rua de Mans, muito perto da capela de Nossa Senhora do Loreto, de acordo com o Deão de S. Leonardo, o Padre Hurel; ele concorria com a sua nota pessoal de fé intransigente e de caridade comunicativa.

Certo dia em que, num salão, ou por leviandade ou por esnobismo, ou por infiltração de liberalismo de espírito, se entregavam a experiências de mesas falantes, a presença dele impediu que a sessão tomasse um rumo ordinário. Quando se apresentava o ensejo, afirmava que as manifestações espíritas, mesmo que não dependam sempre, necessariamente, de intervenção do demônio, oferecem-lhe todas, pelo atrativo mórbido do maravilhoso, ocasião de entrar em ação. A princípio rejeitou o convite e, depois de vivas instâncias, apenas consentiu em comparecer com a condição de assistir como mero espectador passivo. Esta atitude de desaprovação indispôs certas pessoas que, alegando o caráter inofensivo da experiência, insistiram para que se lhes juntasse. Ele recusou terminantemente e pôs-se a orar interiormente, para que a tentativa falhasse se o espírito mau lá estivesse metido. A mesa, nesse dia, manteve-se rebelde e os levianos acusaram "o santo homem" de desmancha-prazeres, ao passo que os mais sensatos tiraram do caso uma boa e oportuna lição.

Sem se furtar aos jogos de sociedade, no meio da qual a sua alegria franca e à sua perfeita urbanidade eram apreciadas por todos, Luís Martin preferia-lhes, contudo, os longos passeios. Como artista, saboreava as grandes caminhadas a pé. Dirigia-se para os arredores de Saint-Cénery, tão apreciados pelos pintores de fama, ou para o meio dos arvoredos magníficos da floresta de Perseigne. Ou então, adotando de preferência hábitos sedentários, instalava-se na margem duma lagoa ou duma ribeira abundante em peixe, e, pacientemente, lançava o anzol.

A pesca constituía o seu passatempo favorito. Conhecia-lhe todos os segredos. No isolamento misterioso dos bosques normandos, em frente das águas tranqüilas onde por vezes vogavam cisnes, o seu temperamento contemplativo expandia-se com delícia. Apreciava, como filho de Deus, os gorjeios e trinados das aves, orquestrados pelos ruídos do vento na folhagem. A tardinha arrancava-se à impressionante sinfonia agreste para levar às Clarissas de Alençon a abundante fritada, prova da sua habilidade. Na ocasião própria levava para casa algumas peças de caça, pois uma licença para isso prova-nos que ele gostava de caçadas.

Um dia quis arranjar uma espécie de vivenda solitária onde pudesse instalar os seus aparelhos de pesca, tratar a seu tempo do jardim, apesar de não ter muito gosto pela jardinagem, e, entregar-se com vagar ao prazer das leituras elevadas e à contemplação. Para isso, a 29 de Abril de 1857, adquiriu a pitoresca propriedade do Pavilhão, na rua dos Lavadoiros, no bairro da Sénatorerie, no extremo sul da cidade, junto do ponto onde as águas do Sarthe se ramificam em vários braços. Fica à beira do caminho, rodeada dum lindo pedaço de terra, e consta de uma torre hexagonal e dois andares aos quais dá acesso uma escada exterior que vai ter a um balcão do primeiro andar; depois interiormente há uma escada de madeira em caracol.

Penetremos no pequeno edifício. Mobiliário reduzido: umas poucas de cadeiras. uma mesa sobre a qual se vêem marcados com registros alguns livros de portada austera: a um canto linhas de pesca, uma rede, um cesto; nas paredes um crucifixo, imagens piedosas e máximas ali colocadas pelo próprio rapaz: Deus vê-me - A eternidade aproxima-se e nós não pensamos nisso – Bem-aventurados os que guardam a lei do Senhor - Deus me defenda dos Seus juízos!"
A casa não se assemelha nada a uma residência de rapaz solteiro. É, antes, o templo da austeridade. Uma senhora um pouco mundana, que um dia ali foi com a filha mais velha do senhor Martin, saiu precipitadamente: "Oh! Maria, até sinto arrepios nas costas!... Se fôssemos para o jardim!"

O solitário apenas tinha a companhia de uma cadela galga, que um dia, ao festejar a sua chegada, subiu até ao balcão e tanto pulou que caiu na rua e quebrou as patas.
O recinto à volta do Pavilhão era do mesmo jeito. Luís semeou ali algumas flores. Mais tarde plantará no centro uma nogueira, que crescerá junto do pinheiro. Ao fundo colocou a imagem de Nossa Senhora que lhe fora oferecida pela Senhora Baudouin. É uma cópia, não destituída de elegância, da obra executada em prata por Bouchardon, para a igreja de S. Sulpício, de Paris, e que desapareceu nos horrores da Revolução. Esta estátua, que tem 90 centímetros de altura (mas tão pesada que é capaz de carregar bem um homem robusto) representa a Imaculada envolvida em artísticas pinturas, de mãos estendidas como que a espalhar graças. A importância desta imagem vem-lhe do papel que ela desempenhou na vida da família Martin, porque, depois de ter presidido à cura miraculosa de Teresa, um dia figurará triunfante, sob a invocação de Virgem do Sorriso, sobre a urna que guardará as relíquias de santa Teresinha.

Por então - e é a única mágoa que dá à mãe - Luís não pensa de modo nenhum em formar família. O trabalho, a oração, as boas obras, as distrações sãs e as leituras sérias chegam para lhe encher bem a existência. Quem sabe se não conserva ainda no profundo da sua retina a imagem das geleiras e dos picos dos Alpes, onde a sua coragem temerária aspira a acudir aos sinistrados da montanha? Não conservará ele, com extremos cuidados, até ao fim da vida, a flor agreste colhida um dia no flanco do São Bernardo e que para ele simboliza tanta coisa?

Zélia Guérin passará por uma decepção do mesmo gênero. O seu coração prodigiosamente sensível poderia ter cedido prematuramente ao apelo das criaturas. A formação recebida no lar -, a vigilância um tanto desconfiada que a cercava e, ainda mais, o instinto duma natureza espontaneamente reta e piedosa, protegeram-na eficazmente. Foi para Deus que ela dirigiu toda a sua capacidade afetiva. Maria Luísa, a amiga confidente da sua alma, comunicava-lhe os sonhos de vocação religiosa suspensos, do momento, pela necessidade de ajudar a mãe no governo da casa. Zélia, mais livre que a irmã mais velha, quis ir antes dela. O temperamento levava-a a preferir a vida ativa; a ternura compassiva atraía-a para junto dos doentes e dos deserdados da sorte. Pretendeu, pois, o hábito das Irmãs de S. Vicente de Paulo. Foi para dar parte dessa intenção que ela se apresentou no Hospital de Alençon, acompanhada da mãe. Notar-se-iam algumas reticências nos lábios maternos? Pareceria demasiado precária a saúde da postulante? Ou, mais simplesmente, uma intuição sobrenatural faria conhecer à Superiora os verdadeiros desígnios de Deus sobre a jovem? O certo é que a entrevista não deu o resultado desejado. A Superiora, sem hesitar um momento, respondeu ao pedido de admissão que não era essa a vontade divina. Embora triste, Zélia não podia deixar de se curvar ante afirmação tão categórica. Daí em diante limitou-se a elevar ao céu esta súplica cheia de simplicidade: "Meu Deus. visto que não sou digna de ser vossa esposa, como é minha irmã, para cumprir a vossa santa vontade abraçarei o estado do matrimônio. Dai-me, então, eu vo-lo peço, muitos filhos e fazei que todos Vos sejam consagrados". Apesar destes desejos, ela sofrerá ainda por muito tempo a obsessão do claustro, e quantas vezes, no decurso da sua vida, não nos dará ela a impressão de trazer a cingir-lhe a fronte o touca do branco das Irmãs da Caridade, tanta era a sua dedicação ao serviço dos humildes.

Tornava-se necessário preparar o futuro. Os magros recursos do oficial reformado não podiam chegar para constituir o dote da filha e custear a educação do mais novo que, em vista de se destinar às profissões liberais, devia ir dentro em breve para o liceu. Zélia confiou à Santíssima Virgem esta incerteza do dia seguinte. A resposta chegou-lhe a 8 de Dezembro de 1851, sob a forma de uma voz interior que, durante um trabalho absorvente e que de nenhum modo favorecia a auto-sugestão, lhe disse de maneira muito distinta: "Dedica-te ao Ponto de Alençon". A moça viu nisto a ordem do céu e, sem demora, tratou de a executar. Já durante os seus anos de estudo aprendera os rudimentos da indústria que dava fama à cidade. Para aprender a arte a fundo, entrou para uma escola de rendeiras, onde se ensinavam, com método, os mil segredos da profissão.

Trata-se de uma arte das mais sutis. Napoleão ficou extasiado com ela e Maria Luísa ainda mais, quando a berlinda imperial levou destas rendas para Paris em 1811. Tudo foram admirações dessas operárias de mãos de fada.

O apadrinhamento histórico do famoso Ponto de Alençon caberia à Beata Margarida de Lorena. Esta antepassada de Henrique IV, nora do "Gentil Duque" que foi o companheiro de armas de Joana d'Arc, não se limitou a administrar o ducado durante vinte anos, com tal sensatez e condescendência que lhe deram o nome de "mãe de toda a caridade". Antes de acabar como Clarissa em Argentan, a 21 de Novembro de 1521, enriqueceu igrejas e mosteiros com bordados de mérito incalculável, feitos por ela com todo o carinho e que lhe dão direito a ser considerada legítima ascendente das nossas modernas rendeiras. Mas o patronato técnico das rendas pertence, incontestavelmente a Colbert, que, pelo ano de 1664, mandou vir de Veneza trinta operárias hábeis no manejo da agulha.

A renda faz-se às tiras de quinze a vinte centímetros, sobre um pergaminho, perfurado segundo o desenho a reproduzir, e forrado de tela. Emprega-se fio de linho da melhor qualidade e extremamente fino. Feito o desenho, a tira passa de mão em mão, conforme o número de pontos que o formam, que chegam a ser nove e cada um constitui uma especialidade. Feito isto, é preciso soltar cada tira, desfazer todos os pontos inúteis, reparar as inevitáveis rasga duras e finalmente proceder à junção das tiras, trabalho do mais delicado que há feito com agulhas quase imperceptíveis e com fios cada vez mais finos. A incrível variedade dos processos, a escala graduada dos "cheios" e dos "tons" fizeram do Ponto de Alençon o enfeite sem rival dos guarda-roupas reais.

Zélia Guérin não tardou em adestrar-se neste prodígio da arte feminina. Conservaram-se algumas "tiras" executadas por ela, que são puras maravilhas. Parece que saiu da escola antes de completar o tempo habitual. A sua natural beleza, a sua vivacidade de inteligência, o dom de simpatia que irradiava no mais alto grau, não podiam passar despercebidos. Quando notou, à sua volta, as amabilidades excessivas de um patrão, decidiu dar por terminada a experiência e estabelecer-se por conta própria, continuando, é claro, a aperfeiçoar a sua formação, freqüentando um outro dos numerosos cursos profissionais abertos na cidade.

Pelos fins de 1853 estabeleceu-se como "fabricante de Ponto de Alençon", segundo demonstram os seus documentos de identidade civil. Isto não significava a abertura de uma oficina. O Ponto é uma obra-prima coletiva, mas que não exige a simultaneidade do trabalho em grupo. Exige sim, em quem empreende esta indústria, iniciativa e diligência para recrutar as operárias, para receber a clientela, para distribuir as encomendas, para fornecer às operárias que trabalham nas suas casas o material necessário à execução da sua especialidade, para vigiar a passagem das tiras de uma para outra, para coordenar e corrigir o conjunto, para assegurar finalmente a colocação lucrativa. Alençon é o coração das rendas, mas à volta, nas proximidades, em Damigny, em Gandelain, em Roche-Mabile, desenham-se os graciosos arabescos, cuja magia contrasta com o ambiente rústico.

Zélia Guérin instalou o escritório na sala da frente na casa da família, sita na rua de S. Brás. As quintas-feiras permanecia ali à disposição das operárias, entregando, recebendo e regulando o trabalho. Em geral reservava para si a reparação do tule, remediava os estragos que se davam inevitavelmente no decorrer das múltiplas manipulações e, se era necessário, procedia ao invisível ajustamento das tiras, escolho e triunfo das mais hábeis.

Pode afirmar-se sem exagero que era exímia neste trabalho tão especializado que exige vista perspicaz, grande habilidade e gosto primoroso. Era com carinho que se entregava a tal tarefa, ela que dirá um dia numa carta: "O meu único gosto é estar sentada junto à janela a ajuntar o meu Ponto de Alençon". As peças saídas das suas mãos serão logo classificadas como das mais belas e vencidas por alto preço, assegurando, assim, o crédito e a prosperidade da casa.

A parte estritamente comercial interessava-a menos, o que explica decerto o fato de ter deixado de trabalhar por sua conta desde 1856 a 1863 e ter recebido trabalho da casa Pigache. Ao princípio, quando se tratou de arranjar clientela e houve necessidade de entrar em relações com os armazéns de Paris, a juventude de Zélia Guérin retraiu-se, foi a mais velha que, dominando a própria repugnância, se ofereceu para a substituir. Acompanhada pelo pai, Maria Luísa fez uma viagem de negócios a Paris. Os seus passos, coroados de êxito, garantiram o lançamento da empresa, mas apanhou por essa ocasião um resfriado que lhe ia sendo fatal.

A partir deste ano de 1853 os destinos das duas irmãs iam divergir sem nunca se alterar a amizade e a confiança que as unia. Maria Luísa ou, para lhe dar o nome familiar por que a tratavam na intimidade, Elisa, vai dirigir-se, com um esforço constante, para o claustro. Desde criança que afastou de si, com indomável energia, até a sombra do mal. O abuso deste argumento peremptório: "Isso é pecado" chegou a desenvolver nela uma delicadeza que roçava pelo medo e virá a degenerar em escrúpulos.

Foi pelo Apocalipse que aprendeu a ler. Quando ia com a mãe à Igreja julgava-se obrigada a percorrer o seu missal sem erguer os olhos e passava a Missa a reler muitas vezes as orações do Ordinário. Faltou à sua infância a livre expansão própria de uma educação onde dominasse o amor.

Dois anos que passou com as Religiosas da Adoração Perpétua abriram-lhe os horizontes da vida claustral. Por sua vontade ter-se-ia feito imediatamente religiosa. Mas foi necessário, antes, servir de segunda mãe do seu irmão lsidoro. Depois em 1853, logo a seguir ao termo da viagem a Paris, deu-se a primeira crise de tuberculose de que haviam de ficar sempre vestígios. E o moral não ficou menos abalado. Durante cinco ou seis anos foi assaltada por dúvidas e inquietações de consciência que não contribuíram pouco para lhe minar a saúde. Andava, por isso, como ressequida. Por aspirar, nessa época, a seguir a Regra austera das Clarissas, cometeu, para mais, a imprudência de praticar excessos em penitências que lhe esgotaram as forças. Por alturas de 1856 deve ter-se dado uma grave recaída pulmonar.

Heroicamente tenaz, transpôs, vitoriosa. todos os obstáculos e, liberta de encargos familiares, livre das angústias interiores, suficientemente restabelecida de saúde, poderá bater à porta da Visitação de Mans, a 7 de Abril de 1858, com este lema bem gravado lia alma: "Venho para aqui para ser santa".

Tinha então vinte e nove anos. Esperava-a uma última prova, a mais terrível. Prevenida dos sintomas de tuberculose que se tinham manifestado na jovem em anos anteriores, a Superiora notificou-lhe a impossibilidade de a conservar entre a Comunidade. Mais uma vez Maria Luísa solicitou e obteve um milagre. Durante os poucos dias de prazo que lhe foram concedidos, manifestou tanto zelo pelo seu trabalho de roupeira, tanto fervor pela oração, tanta aplicação em obedecer à Regra, que a Madre Teresa de Gonzaga de Freslon de tal sorte se impressionou que a admitiu no noviciado entre as "Irmãs agregadas" livres da obrigação do coro. A sua mãe, que viera de Alençon para a levar consigo, sentiu-se igualmente armada por tanta coragem. Estava ganha a batalha.

Zélia tinha-lhe seguido os passos com fraternal ansiedade. Incompreendida da mãe, tinha-se refugiado, com uma espécie de afeto impetuoso, na intimidade da irmã mais velha, tão previdente e tão boa, que lhe recebia todas as confidências. Eram inseparáveis, no rigoroso sentido da palavra. Vinte anos depois, quando a Visitandina morreu santamente, a Senhora Martin evocou essas recordações numa carta dirigida a Paulina: "Eu era tão amiga desta minha irmã! Não podia passar sem ela. Um dia, pouco tempo antes de ela ter partido para o convento, estava eu a trabalhar no jardim; mas ela não estava comigo. Não pude conservar-me sem ela e fui procurá-la. Ela então disse-me: Que hás-de tu fazer quando eu cá não estiver? Respondi-lhe que me iria embora também. Na verdade parti, passados três meses, mas não pelo mesmo caminho".

Na hora dolorosa em que se separou daquela que era na verdade a alma da sua alma é que Zélia Guérin vai ver surgir diante de si, de repente, a perspectiva do casamento. Pensaria nele, de fato, ou sofreria ainda, inconscientemente, a atração do hábito e do conseqüente recolhimento? De estatura um pouco abaixo da mediana, de rosto muito lindo e expressão extremamente pura, de cabelos castanhos despretensiosamente compostos, de nariz comprido e harmonioso de linhas, de olhos negros, cintilantes de decisão e onde por momentos passava uma sombra de melancolia. Zélia tinha dotes para poder agradar. Tudo nela era viveza, delicadeza, amabilidade. Dotada de espírito alegre e culto, de grande sentido prático e de nobre caráter e sobretudo de fé intrépida, era uma mulher superior que devia atrair as atenções.

Uma senhora da sociedade, que vivia em Paris, quis levá-la consigo e apresentá-la nos salões. A proposta fê-la sorrir; não gostava de se exibir. Mas eis que a Providência se mete no caso por meio duma senhora de bom senso empenhada em casar o santo do seu filho, entusiasmado demais com o celibato.

A esposa do Capitão Martin não se consolava de ver o filho, que não tardaria a fazer trinta e cinco anos, enterrar-se na piedosa solidão da relojoaria da Ponte-Nova e do Pavilhão. Censurava-o afetuosamente, mas ele não dava mostras de se impressionar.

Nos cursos profissionais que ela freqüentava nos momentos disponíveis, para se especializar nalgum dos pontos da célebre renda e assegurar à família recursos suplementares, encontrara-se, lado a lado, com Zélia Guérin e notou as sérias qualidades da jovem, envolvidas em tantos encantos. Não seria aquela a esposa ideal para o filho? A pouco e pouco insinuou-se-lhe no espírito e conseguiu abalar uma resistência que parecia invencível.

Uma intervenção misteriosa facilitou a aproximação. Um dia em que Zélia Guérin passava pela Ponte de São Leonardo, cruzou-se com um rapaz, cuja nobreza de fisionomia e dignidade de maneiras e modos reservados a impressionaram. Neste instante uma voz interior segredava-lhe: "Foi este que eu preparei para ti". Informou-se discretamente a respeito da identidade dele e começou a conhecer Luís Martin.

Os dois jovens depressa se apreciaram e amaram. O seu acordo moral estabeleceu-se tão depressa que os esponsais vieram selar, sem demora, o mútuo compromisso, e três meses depois do primeiro encontro puderam unir-se diante de Deus.

A 13 de Julho de 1858 - para não falar no registro civil que apenas representava, aos olhos deles, um odioso contrasenso, nas palavras e uma formalidade vã, na realidade - fizeram os seus mútuos juramentos na esplêndida igreja de Nossa Senhora. O Padre Hurel, Deão de S. Leonardo, que, certamente, haveria aprovado o projeto com a sua autoridade de padre espiritual, recebeu o consentimento dos noivos. A cena passou-se à meia noite, na mais rigorosa intimidade, como que para não saborearem da cerimônia senão o perfume cristão e talvez também porque as grandes obras de Deus se operam no silêncio noturno, e a união de que havia de nascer a Santa de Lisieux tinha o selo da grandeza.

O prédio da rua da Ponte-Nova tinha sido preparado à pressa para receber o novo casal. Como se tratava de uma casa vasta e com entrada particular, prestava-se à coabitação de duas famílias; em perfeita independência, sem prejuízo do espaço reservado à oficina de relojoaria e ao armazém de joalharia.

Os pais do senhor Martin instalaram-se no primeiro andar. Zélia transferiu o escritório para a nova casa. Viveria assim perto dos seus."


Fonte: STÉPHANE JOSEPH PIAT, História de uma Família, Livraria A.I., Braga, sem data, pp. 31-45.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Filhos, uma bênção de Deus



"Filhos, uma bênção de Deus"

Será que acreditamos, de fato, nessas palavras da Igreja?

"A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja veem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais" (Catecismo da Igreja Católica - CIC § 2373).

Certa vez o Papa Paulo VI disse a um grupo de casais:

"A dualidade de sexos foi querida por Deus, para que o homem e a mulher, juntos, fossem a imagem de Deus, e, como Ele, nascente da vida". Isto é, doando a vida o casal humano se torna semelhante a Deus Criador. Pode haver missão mais nobre e digna do que esta na face da terra? Alguém disse certa vez, com muita razão, que "a primeira vitória de um homem foi ter nascido".

Nada é tão grande e valioso neste mundo como o homem. Ensina a Igreja que "ele é a única criatura que Deus quis por si mesma" (GS, 24). Por isso o Catecismo da Igreja afirma que:

"Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais" (CIC § 2378).

Será que acreditamos, de fato, nessas palavras da Igreja? Ou será que "escapamos pela tangente", dando a "nossa" desculpa? Lamentavelmente se estabeleceu entre nós, também católicos, uma cultura "antinatalista". Por incrível que pareça "as preocupações da vida" (cf. Lc 12,22; Mt 6,19) sufocaram o valor imenso da vida humana, levando as gerações à triste mentalidade de "quanto menos filhos melhor". À luz do Cristianismo, essa é uma triste mentalidade, pois a Igreja sempre ensinou o valor incomensurável da vida.

"A tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem. Fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos" (Familiaris Consortio, 28).

A situação social e cultural dos nossos tempos dificulta a compreensão dessa verdade. Nasceu, assim, uma mentalidade contra a vida ("anti-life mentality"), como emerge de muitas questões atuais: pense-se, por exemplo, num certo pânico derivado dos estudos dos ecólogos e dos futurólogos sobre a demografia, que exageram, às vezes, o perigo do incremento demográfico para a qualidade da vida...

"Mas a Igreja crê firmemente que a vida humana, mesmo se débil e com sofrimento, é sempre um esplêndido dom do Deus da bondade. Contra o pessimismo e o egoísmo que obscurecem o mundo, a Igreja está do lado da vida" (Familiaris Consórtio, 30).

Muitos têm medo de não educar bem os filhos. Pois eu lhes digo que, com Deus, é possível educá-los; basta que o casal se ame, crie um lar saudável e viva para os filhos com todas as suas forças e com toda dedicação. O resto, Deus e eles farão. Faça do seu filho um Homem… isto basta.

Há hoje uma mentira muito difundida - infelizmente aceita também por muitos católicos - afirmando que a limitação da natalidade é o remédio necessário e "indispensável" para sanar todos os males da humanidade. Não há civilização que possa se sustentar sobre uma falsa ética que destrói o ser humano ou que impede o "seu existir". É ilógico, desumano e contra a Lei de Deus, que, para salvar a humanidade seja necessário sacrificá-la em parte.

Jamais a mulher poderá se realizar mais em outra vocação do que na maternidade. É aí que ela coopera de maneira mais extraordinária com Deus na obra da criação. Vitor Hugo disse, certa vez, que "um lar sem filhos é como uma colmeia sem abelhas"; acaba ficando sem a doçura do mel.

Autor: Prof. Felipe Aquino

domingo, 7 de agosto de 2011

"Queridas famílias, sede corajosas!" (Carta de Dom Celso)


Não cedais à mentalidade secularizada que propõe a convivência como preparação ou mesmo substituição do matrimónio.
Mostrai com o vosso testemunho de vida que é possível amar, como Cristo, sem reservas,
que não é preciso ter medo de assumir um compromisso com outra pessoa.
Queridas famílias, alegrai-vos com a paternidade e a maternidade!
A abertura à vida é sinal de abertura ao futuro, de confiança no futuro, tal como o respeito da moral natural, antes que mortificar a pessoa, liberta-a.
O bem da família é igualmente o bem da Igreja.
Quero repetir aqui o que disse um dia:
«A edificação de cada uma das famílias cristãs situa-se no contexto daquela família mais ampla que é a Igreja, a qual a sustenta e leva consigo.
(…) E, vice-versa, a Igreja é edificada pelas famílias, pequenas Igrejas domésticas»(Papa Bento XVI)."

Com meu abraço e minha bênção.
+Dom Celso A. Marchiori


sábado, 6 de agosto de 2011

O cônjuge como um caminho para Deus


O cônjuge como um caminho para Deus
Nossa salvação está unida ao outro e vem por meio do outro
O encontro de duas pessoas em Deus – por intermédio da oração ou da vivência religiosa compartilhada – é uma das formas mais ricas e profundas de encontrar-se, já que estamos diante de Deus, com melhor que cada um possui. Diante do Senhor nos desprendemos de tudo o que normalmente dificulta o encontro e vamos assumindo com mais objetividade a atitude compreensiva, benigna e compassiva do amor de Deus.

A união de duas pessoas pelo sacramento do matrimônio abre a eles uma nova possibilidade de amor sobrenatural: o cônjuge como um caminho para Deus, como lugar de encontro com Deus. No momento solene das bodas, Cristo diz a cada um: Eu, desde agora, vou te amar especialmente através do cônjuge, vou convertê-lo em santuário do meu encontro contigo. E com isso me deixa o grande desafio de buscar ao Senhor no coração do outro onde desde agora está me esperando, de descobrir o rosto de Cristo no rosto do meu cônjuge, de acolher seu amor como transparente e reflexo do amor divino. Em contrapartida, eu devo ser Cristo para o outro, dar a ele o amor, a luz e a força que necessita para crescer e chegar até Deus. E assim cada um se aceita e se doa ao outro como lugar privilegiado de encontro com o Senhor.
Por isso, em todo matrimônio cristão está sempre Deus como terceiro, quem faz de ponte e laço de união entre os cônjuges. E precisamente quando Deus não ocupa esse lugar dentro do matrimônio, então há sempre lugar para outro terceiro, que destrói a aliança matrimonial.

O matrimônio é uma comunidade de salvação unida por um vínculo sobrenatural. O amor de Cristo e Maria selam nosso amor. Estamos unidos como a videira e os brotos. Nossa salvação está unida ao outro e vem por meio do outro. Minha santidade repercute no outro, meu pecado também.
Tão profunda é essa aliança [matrimonial] e esse conhecimento mútuo que os esposos deveriam chegar a ser diretores espirituais um do outro. Tanto se conhecem que podem ajudar ao outro em seu caminho de santidade. Essa aliança de amor se dá entre os esposos e dos esposos com Deus. Por isso é comunidade de salvação, de amor, vida e tarefas com Cristo e Maria.

Compartilhamos sua missão e junto com eles caminhamos para Deus Pai. Em caso que os contraentes humanos entrem em crise o terceiro os ampara. Cristo carrega com eles o matrimônio.

Depois de nossa consagração a Virgem ela também começa a ser uma aliada e nos ajuda no caminho. Ela também nos ampara.
O que dissemos sobre o matrimônio vale para todos os membros da família: pais, filhos, irmãos... Cada um é Cristo para os demais, reflexo do Senhor. Cada um é e há de ser, para o outro, um caminho para o Senhor, caminho privilegiado de amor a Ele.
Nisso encontramos o sentido da aliança matrimonial e o sentido da aliança familiar: Todos juntos, unidos e aliados com a Virgem Maria, caminhamos para Deus. Todos juntos, nos amando mutuamente como ao Senhor, nos consagramos a Maria e, mediante ela, nos entregamos para sempre a Deus.

Queridos irmãos, se nos deixamos educar e guiar pela Virgem Maria, então a aliança com ela é como uma grande escola de amor. Nela aprendemos a amar para percorrer os caminhos do amor divino e chegar ao coração do Pai. E é assim que se tornará realidade em nossa vida a aliança com Deus.

Padre Nicolás Schwizer
Movimento apostólico Shoenstatt

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Os demônios da vida conjugal



Os demônios da vida conjugal

Vencer a crise é indispensável para que o amor sobreviva
No amor conjugal, o segredo é não lutar contra a idade, sim estar em união com ela, tal é a regra da sabedoria.
A infância do amor conjugal.
Ao início é, sobretudo, alegria e esperança. O amor é novo e está intacto. Os dois vivem em estado de descoberta permanente. Entretanto, o amor não escapa aos ataques do tempo. Uma primeira crise, a da desilusão, sacode o lar nascente. O demônio da desilusão faz com que a imagem ideal, que um havia construído do outro, comece a desvanecer-se. Para vencer essa crise terão que se aceitar em suas imperfeições. Nessa época o matrimônio se constitui realmente.
A juventude do amor.
Ao final da fase de adaptação, um mútuo conhecimento impede maiores atritos. O amor se instala. Mas, se a crise da desilusão não foi superada, o tempo precipita a segunda crise, a do silêncio. Se o demônio mudo se apodera dos dois, caem em uma espécie de letargia. O casal vive, então, em retrocesso, sem crescer, sem um ritmo seguro, sem dinamismo. Vencer essa segunda crise é indispensável para que o amor sobreviva.
A maturidade do amor.
Por volta dos 15 anos, os esposos adquiriram maturidade. Com uma juventude madura vivem com serenidade. São os anos mais belos da vida conjugal. Já não se fala de felicidade, como quando se é jovem, simplesmente é feliz. Mas, também pode produzir-se o contrário, se não encontraram o caminho do diálogo e de sua unidade. Uma terceira crise, com frequência fatal, é a da indiferença. O amor se transformou em hábito, o hábito em rotina, e a rotina, enfim, em indiferença. Vive-se junto ao outro, mas os corações já não estão em contato: o tempo paralisou ou inclusive matou o amor. A vida em comum não é mais que uma aparência que se mantém, seja por obrigação já que estão os filhos, seja por conveniência social. Com o demônio da indiferença instalado, sempre existe lugar para um novo amor e, por isso, para a infidelidade e a separação.
O meio-dia do amor.
Entre os 45 e 50 anos surge um novo perigo. Em ambos é o difícil momento das mudanças físicas e psicológicas. A mulher perde um atributo de sua feminilidade, a fecundidade. O homem vai perdendo um caráter de sua virilidade: o vigor sexual. Mas, antes que se produza esse declive, muitas vezes se dá uma espécie de volta à adolescência. A essa crise da metade da vida chamamos de: "demônio do meio-dia". Se o matrimônio entra nessa etapa minado pela indiferença e pela rotina, o demônio do meio-dia tem grandes possibilidades de triunfar.
O renascimento do amor.
Se o casal soube superar essa época turbulenta, entra num período de uma segunda maturidade. É o crepúsculo do amor, o momento em que o matrimônio desfruta da unidade conquistada, de una harmonia, profunda e de uma nova paz. É a hora de uma felicidade serena, sem choques e sem conflitos. O tempo, que não perdoa, oferece então aos cônjuges a inapreciável recompensa do renascimento do amor.
O repouso do amor.
Virá, por último, a hora do repouso em que, envelhecidos no amor, ambos só terão reconhecimento um para o outro. Nem sequer a dolorosa perspectiva da morte poderá perturbar a maturidade do amor. Haver-se amado até o final converte a morte num ápice, numa vitória. Diante dos homens, como diante de Deus, não existe um amor mais perfeito que o de dois seres que envelheceram juntos e que deram a mão para vencer as últimas dificuldades a fim de gozar das últimas claridades do dia.
Padre Nicolás Schwizer
Shoenstatt mov.apostólico
21/07/2011

Último adeus à mãe indiana de seis sacerdotes e quatro religiosas


- Elizabeth Anikuzhikattil faleceu no último 14 de julho na cidade de Kerala (na Índia) aos 94 anos de idade.

Esta piedosa mulher católica dedicou toda sua vida a atender sua família e criou 15 filhos, dos quais seis homens se tornaram sacerdotes –um chegou a ser bispo– e quatro mulheres abraçaram a vida religiosa.
A vida de Aleykutty, como era chamada pelos seus amigos, despertou o interesse de católicos em diversos lugares da Índia graças à Congregação Salesiana que dedicou à mulher emotivos obituários por ser a mãe do sacerdote Joseph Anikuzhikattil, reitor de um de seus colégios no país asiático.
Outro dos filhos de Aleykutty é Dom Mathew Anikuzhikattil, Bispo católico siro-malabar de Idukki, uma diocese com 170 sacerdotes, onde 260 000 pessoas (um terço da população) são católicos de rito siro-malabar, conforme informa ReligiónenLibertad.com.
Das suas sete filhas, quatro são religiosas: duas são irmãs do Sagrado Coração, uma salesiana e outra é franciscana missionária de Maria.
O mais jovem de seus filhos sacerdotes morreu atropelado por um caminhão em 1992, quando voltava em motocicleta de dar catequese em um povoado. Era missionário de Santo Tomás Apóstolo.
O Padre Joseph, reitor de um colégio salesiano e doutorado em missionologia pela Gregoriana de Roma, recordou sua infância familiar na selva.
"Ele nasceu em pleno bosque há 53 anos: seus pais estavam entre os pioneiros que colonizaram a densa selva de Idukki. Naqueles dias faziam casas nas árvores para defender-se das feras e dos elefantes selvagens. "Meu pai, com outros pioneiros, limpou o terreno coberto de árvores e se assentaram em Idukki. Lembro de ter crescido em uma grande casa-árvore", explicou o padre ao site DonBoscoIndia.com.
Conforme informa ReL, a valente Aleykutty deu à luz 15 bebês na selva e os criou "com muito êxito", conforme afirma o Padre Joseph.
"A prova mais dura para a família foi possivelmente quando o mais jovem dos meninos, Savio, foi atacado aos 19 anos pela síndrome de Gillen Barry, que causa grave debilidade muscular e ataca o sistema nervoso. 'Esteve 15 anos prostrado, e minha mãe cuidou dele sem que ele nunca tivesse nenhuma ferida por estar de cama'", recorda o sacerdote.
O Arcebispo de Shillong, perto de Udukki, Dom Dominic Devora, recordou a propósito da morte de Aleykutty uma promessa de São João Bosco, fundador dos salesianos: "Um sacerdote é a maior bênção para uma família e todos os que oferecem seus filhos à Igreja serão abençoados por muitas gerações. Eles têm o céu assegurado".

Fonte: ACI Digital

A família no plano de Deus: Natureza da Família


A família no plano de Deus: Natureza da Família

"A comunidade conjugal assenta sobre o consentimento dos esposos. O matrimónio e a família estão ordenados para o bem dos esposos e para a procriação e educação dos filhos. O amor dos esposos e a geração dos filhos estabelecem, entre os membros duma mesma família, relações pessoais e responsabilidades primordiais.
Um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, formam com os seus filhos uma família. Esta disposição precede todo e qualquer reconhecimento por parte da autoridade pública e impõe-se a ela. Deverá ser considerada como a referência normal, em função da qual serão apreciadas as diversas formas de parentesco.
Ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a da sua constituição fundamental. Os seus membros são pessoas iguais em dignidade. Para o bem comum dos seus membros e da sociedade, a família implica uma diversidade de responsabilidades, de direitos de deveres.

A FAMÍLIA CRISTÃ

«A família cristã constitui uma revelação e uma realização específica da comunhão eclesial; por esse motivo..., há-de ser designada como uma igreja doméstica». Ela é uma comunidade de fé, de esperança e de caridade: reveste-se duma importância singular na Igreja, como transparece do Novo Testamento.
A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai e do Filho, no Espírito Santo. A sua actividade procriadora e educativa é o reflexo da obra criadora do Pai. É chamada a partilhar da oração e do sacrifício de Cristo. A oração quotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortalecem nela a caridade. A família cristã é evangelizadora e missionária.
As relações no seio da família comportam uma afinidade de sentimentos, de afectos e de interesses, que provêm sobretudo do mútuo respeito das pessoas. A família é uma comunidade privilegiada, chamada a realizar a comunhão das almas, o comum acordo dos esposos e a dili­gente cooperação dos pais na educação dos filhos."

Fonte: Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2201 a 2206.