"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

terça-feira, 22 de junho de 2010

A santidade da família no coração da Igreja

“O Bom Deus deu-me um pai e uma mãe mais dignos do céu que da terra” (Sta. Teresinha do Menino Jesus)


Em 2008 foram beatificados, em Lisieux, os pais de Santa Teresinha.

Luis Martin nasceu em Bourdeaux, França, em 22 de agosto de 1828. Aos 19 anos começa a aprender o ofício que por longo tempo exercerá, o de relojoeiro. Meditativo, decidido e organizado, Luis carrega o sonho de ser monge. Ao ser solicitada sua admissão, pedem-lhe que antes complete seus estudos. Depois de um ano e meio abandona os estudos e
dedica-se totalmente à relojoaria, onde seus negócios prosperam. Aos 34 anos conhece Zélia Guérin com quem se casa, aos 13 de julho de 1858.

Zélia Guérin nasceu em Gandelain, França, em 23 de dezembro de 1831. Recebe em seu lar uma educação rigorosa, mas em seu coração transparente sobressai um espírito ativo, profundamente cristão, abnegada e caridosa para com os necessitados. Pede admissão entre as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. A superiora reconhece sua falta de vocação. Às vésperas de seus vinte anos faz uma novena à Virgem Imaculada para que a ilumine sobre a profissão a escolher. Sente profunda inspiração de iniciar um negócio com rendas. Assim inicia o Ponto de Alençon. Perto de seus 25 anos o desejo de casar-se cresce. E na ponte São Leonardo, ao passar pelo distinto jovem Luis, o coração de Zélia pressente, será ele.

A vida em família

Zélia e Luis Martin casam-se como era costume, à meia-noite, na Igreja de Nossa Senhora em Alençon. Luis tem 35 anos, Zélia 25 anos de idade. Diante de Deus dão um sim recíproco de fidelidade. Passaram quase dez meses vivendo em continência perfeita. Ao conversarem com um sacerdote, este os convence a terem muitos filhos para os consagrarem
a Deus. Terão nove filhos, dos quais cinco chegaram a consagrar-se a Deus na vida religiosa e quatro partem para o céu ainda pequenos.

Mais tarde escreverá Zélia a sua filha Paulina:

“Teu pai tinha gostos semelhantes aos meus, nossos sentimentos eram em uníssono, ele sempre foi um consolo e apoio para mim. E, quando foram chegando nossos filhos, vivíamos mais para eles, eram nossa felicidade e não nos encontrávamos em nós, mas, neles. Por isso desejava ter muitos para os encaminhar ao céu”.

Amor maduro e cristão, fonte de vida e felicidade, assim poderíamos descrever o relacionamento desses esposos Bem-Aventurados. Sobressaía uma amizade, respeito e carinho desejáveis a todos os casais. Escreve o Sr. Luis Martin à sua esposa:
“Só poderei chegar segunda-feira, tarda-me estar ao seu lado. Não se canse demais, recomendo-lhe calma e moderação, espero em Deus chegaremos a construir uma boa casinha. Tive a felicidade de comungar em Nossa Senhora das Vitórias, que é como um paraíso terrestre. Acendi uma vela toda a família. Abraço de coração a todas, esperando a alegria de estarmos reunidos. Seu marido e verdadeiro amigo, que a ama por toda a vida”.


Modelos de vida cristã

Luis e Zélia Martin participavam da Eucaristia todos os dias, comungavam com a freqüência possível em seu tempo, jejuavam possível em seu tempo, jejuavam e rezavam em família. Luis era exemplo de santificação do Domingo, não abria sua relojoaria em hipótese alguma, neste dia e nos dias de preceito. “Deus em tudo, Deus acima de tudo”, era seu lema. Tinha uma corajosa caridade com o próximo, sempre pronto a ajudar quando ouvia a sirene dos bombeiros, afogamentos, contendas e feridos. Assíduo na adoração noturna ao SS. Sacramento, ambos eram muito generosos na ajuda aos necessitados, mesmo à custa de sua própria tranqüilidade. Assim educavam as filhas a serem generosas de
modo especial com as obras missionárias da Igreja.

Desejavam que suas filhas se consagrassem a Deus, mas nunca lhes sugeriam isso, acolhendo com alegria generosa a entrada de cada uma das quatro para o Carmelo, a última sendo Teresinha, e de Leônia para a Congregação da Visitação. As filhas sempre tinham o testemunho de amor entre seus pais, de oração, de amor à Igreja, especialmente aos
sacerdotes, e de generoso serviço ao próximo, de mortificação, modéstia e fidelidade.

Acolhamos este testemunho de santidade em família, composto por pequenas ações, mas grandeza de alma, envolvendo tudo no amor com espírito de fé.


Bem-aventurados Luís e Zélia, intercedam pelos casais carmelitas, para que sejam abundantemente abençoados na realização da vontade de Deus em suas vocações!

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