"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Lugi e Maria: um matrimônio santo




"Em meio a uma multidão de famílias, os esposos Luigi e Maria Corsini Beltrame Qattrocchi foram beatificados na Basílica de São Pedro... Sua beatificação, sem dúvida alguma, ajudaria a relançar novamente os valores próprios de uma vida cristã, tão pisoteados por uma sociedade hedonista e uma cultura de morte, assim como também estaria sendo impulsionado o sentido cristão do matrimônio como caminho de santidade.

Vida

Maria Corsini nasceu em Florença em 24 de junho de 1881; enquanto Luigi Beltrame nasceu em Catânia em 12 de janeiro de 1880. Ambos se conheceram em Roma quando eram adolescentes e se casaram na basílica Santa Maria Maior em 25 de novembro de 1905.
Os dois foram criados no seio de uma família católica e desde pequenos praticaram fervorosamente sua fé, assistindo todos os domingos a Missa e participando dos sacramentos. Devido a este legado, decidiram criar a seus filhos nos princípios e valores da fé católica.
Em 1913, a jovem família atravessou um momento doloroso e bastante incerto quando a gravidez de Maria teve sérias complicações e os médicos prognosticavam não sobreviveria ao parto, e nem mesmo o bebê não nascido. Ainda que os doutores manifestassem que o um aborto poderia salvar a vida de Maria, esta consultando a seu esposo, decidiu confiar na proteção divina. E embora a gravidez tenha sido dura, tanto mãe como filho milagrosamente sobreviveram. Esta experiência levou toda a família a consolidar sua vida de fé e trabalhar duro por seus anseios de santidade.
Maria deu à luz a mais três crianças; seus dois filhos homens professaram o sacerdócio; Filippo é agora o Mons. Tarcísio da diocese de Roma e Cesare é o P. Paolino, um monge trapense.
A filha mais velha, Enrichetta, a que sobreviveu a essa difícil gestação, constituiu um lar segundo o modelo de seus pais; enquanto que sua irmã Stefania ingressou na congregação dos beneditinos, sendo conhecida por todos como a Madre Cecília, e que faleceu em 1993.
Os três irmãos estiveram presentes na beatificação de seus pais.
A família Beltrame Quattrocchi foi conhecida por todos por sua ativa participação em muitas organizações católicas. Luigi foi um respeitado advogado, que ocupou um cargo importante dentro da política italiana. Maria trabalhou como voluntária assistindo aos etíopes durante a Segunda guerra mundial.
O agora beato Luigi foi chamado à Casa do Pai em 1951, e Maria, sua fiel esposa, o fazia posteriormente em 1965.

Beatificação

A Congregação para a Causa dos Santos tratou este caso como algo especial, e com a aprovação do Papa João Paulo II, esclareceu-se o caminho para sua beatificação assim que foi reconhecido um milagre de sua intercessão.
O Prefeito desta Congregação, Cardeal José Saraiva Martins, afirmou que era impossível beatificá-los separadamente devido a que não dava para separar sua experiência de santidade, a qual foi vivida em comum e tão intimamente. "Seu extraordinário testemunho não podia permanecer escondido", enfatizou o Purpurado.
Pelo menos 40 mil pessoas assistiram à cerimônia de beatificação dos esposos, que se realizou no interior da basílica de São Pedro devido a forte chuva que desatou desde as primeiras horas da manhã. O plano original contemplava a realização da cerimônia na Praça São Pedro.
Também assistiram à cerimônia os dois filhos homens do matrimônio. Filippo e Cesare que concelebraram a Missa de beatificação com o Papa. A terceira, Enrichetta, estava sentada entre os peregrinos que lotaram o maior templo da cristandade.
"O ordinário de maneira extraordinária"
em sua homilia, o Santo Padre assegurou que os esposos beatos, durante mais de seus 50 anos como matrimônio souberam viver "uma vida ordinária de maneira extraordinária".
"Entre as alegrias e as preocupações de uma família normal - afirmou o Papa - souberam realizar uma existência extraordinariamente rica de espiritualidade. No centro, a eucaristia diária, à que se acrescentava a devoção filial à Virgem Maria, invocada com o Terço recitado todas as noites, e a referência a sábios conselhos espirituais".
O Pontífice manifestou que os esposos "viveram à luz do Evangelho e com grande intensidade humana o amor conjugal e o serviço à vida".
"Assumiram com plena responsabilidade a tarefa de colaborar com Deus na procriação, dedicando-se generosamente aos filhos para educá-los, guiá-los e orientá-los no descobrimento de seu desígnio de amor", acrescentou.
Neste sentido, o Papa enfatizou que a família anuncia o Evangelho da esperança com sua própria constituição, pois é fundada sobre a recíproca confiança e sobre a fé na Providência. A família anuncia a esperança, pois é o lugar em que brota e cresce a vida, no exercício generoso e responsável da paternidade e da maternidade".
"Uma autêntica família, fundada no matrimônio, é em si mesma uma 'boa notícia' para o mundo".

Família Cristã

O Pe. Tarcísio Beltrame, um dos filhos dos esposos Luigi e Maria Corsini Beltrame Quattrocchi, expressou em um testemunho pessoal o desejo de que a proclamação de seus pais como modelos de vida cristã ajude a impulsionar o sentido cristão do matrimônio.
Em seu relato, o Pe. Tarcísio lembra que "nossa vida familiar não teve nada de extraordinária, foi um fato ordinário, com suas debilidades. Entretanto, seguimos sempre ensinamentos importantes que as almas de boa vontade podem se dispor a imitar e a realizar também hoje".
Com efeito, segundo a proclamação de suas virtudes heróicas realizada pelo Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, os esposos Beltrame Quattrocchi "fizeram de sua família uma verdadeira igreja doméstica aberta à vida, à oração, ao testemunho do Evangelho, ao apostolado social e à solidariedade para com os pobres, à amizade". Além disso, a sua intercessão foi atribuído um milagre que abriu a via para sua beatificação. Dos quatro filhos dos esposos Beltrame Quattrocchi, três deles tomaram o caminho do sacerdócio ou a vida religiosa: Tarcísio (95 anos),o Pe. Paulino (92 anos), e Ir. Maria Cecília (já falecida).
Enrichetta, de 87 anos, constituiu um lar segundo o modelo de seus pais.
"Fomos uma família aberta aos amigos e a todos os que queriam respirar o clima de nosso lar", relata o Pe. Tarcísio. O quarto de hóspedes sempre estava pronto".
"Nos anos de guerra, freqüentemente arriscando muitíssimo, acolhemos e prestamos ajuda a todos os que nos pediram", concluiu.

Não serão os únicos

Os Beltrame Quattrocchi serão o primeiro casal a ser beatificados..." mas não o único. Com efeito, segundo fontes da Congregação para a Causa dos Santos, existe outro casal de esposos que foram elevados aos altares: Louis e Zelie Martin, os pais de Santa Teresa de Lisieux.
Em suas memórias, Santa Teresinha do Menino Jesus relata a vida exemplar de seus pais, que influenciou tanto em sua vocação e na de suas irmãs. No caso de ambos, a Congregação já reconheceu a "heroicidade das virtudes", já ocorreu a aprovação final de um milagre obtido por sua intercessão e eles já foram proclamados beatos. Rezemos pela causa da canonização desses casais exemplares!

Fonte: ACI Digital

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