"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015


Sínodo 2015: Bispos afastam cenários de mudanças «espetaculares»


Agência Ecclesia
 

(Lusa)



Trabalhos começaram com reflexão sobre papel central da família e abordaram desafios colocados pelo divórcio

Cidade do Vaticano, 05 out 2015 (Ecclesia) - O cardeal André Vingt-Trois, um dos presidentes-delegados do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano, afastou hoje um cenário de “mudanças espetaculares” na doutrina da Igreja sobre o matrimónio e a família.
“Se vieram a Roma com a ideia de que iriam regressar com mudanças espetaculares da doutrina da Igreja, vão ficar desiludidos”, disse o arcebispo de Paris aos jornalistas, na primeira conferência de imprensa da 14ª assembleia geral ordinária do organismo consultivo, que decorre até 25 de outubro.
O responsável admitiu que desde a reunião extraordinária de 2014 houve “pressão” mediática, centrada em temas específicos como o divórcio ou a homossexualidade que muitas vezes não faziam parte das principais preocupações dos participantes.
Para o cardeal francês, não está em causa “abrir indiferentemente o acesso à Comunhão” para todas as pessoas, mas enfrentar a “profunda mudança” da sociedade, que a Igreja tem de acompanhar.
Já D. Bruno Forte, secretário-especial do Sínodo, acrescentou que a Igreja “não pode ser insensível” aos desafios de um tempo e de situações que mudam.
Nesse contexto, falou num “Sínodo pastoral”, mais do que “doutrinal”, procurando aproximar a Igreja dos “homens e mulheres de hoje”.
A primeira reunião de trabalhos, esta manhã, contou com a apresentação do relatório inicial, pelo cardeal Peter Erdö, relator-geral do Sínodo, no qual se propõe um acompanhamento “misericordioso” para quem vive situações familiares difíceis, sem questionar a “indissolubilidade” do matrimónio.
O relatório aborda casos específicos, como os divorciados não recasados, para os quais se pede a criação de centros de aconselhamento diocesanos que ajudem os cônjuges nos momentos de crise, apoiando os filhos “vítimas destas situações”, sem esquecer “o caminho do perdão e da reconciliação, se possível”.
Para os divorciados recasados, por outro lado, pede-se “uma aprofundada reflexão”, tendo em conta “um acompanhamento pastoral misericordioso que, no entanto, não deixe dúvidas sobre a verdade da indissolubilidade do matrimónio, como ensinado pelo próprio Jesus Cristo”.
"Não é o naufrágio do primeiro matrimónio, mas a convivência na segunda relação que impede o acesso à Eucaristia", pode ler-se.
O texto introdutório aborda o chamado “caminho penitencial”, especificando que este pode referir-se aos divorciados recasados que praticam continência e que, portanto, “poderão aceder também aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, evitando porém provocar escândalo”.
O texto passa em revista os desafios para a família - migrações, injustiças sociais, salários baixos, violência contra as mulheres - e a desconfiança atual face às instituições e aos compromissos definitivos.
Lançando os trabalhos deste ano, o cardeal húngaro frisou que os valores do matrimónio e a família oferecem possibilidades de “desenvolvimento” a cada pessoa que são únicas.
O relatório alude ao cuidado pastoral das pessoas homossexuais, reafirmando os princípios de “respeito e delicadeza”, antes de recordar que “não há fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus para o matrimónio e a família”.
Os últimos parágrafos abordam o tema da vida, lembrando a sua “inviolabilidade” desde a conceção até à morte natural, recusando por isso o aborto e a eutanásia.
Após propor uma “cultura da vida”, o relatório assinala a importância de um “um ensino adequado sobre métodos naturais para a procriação responsável”.
Em conclusão, o cardeal Erdö afirmou que “para enfrentar o desafio da família hoje, a Igreja deve converter-se e tornar-se mais viva, mais pessoal, mais comunitária, também a nível paroquial e nas pequenas comunidades”.
Os presentes forma depois informados da impossibilidade de participação do presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste, D. Basílio do Nascimento, bispo de Baucau, e de D. Norberto do Amaral, bispo de Maliana, que seria o seu substituto.
 Fonte:http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/sinodo-2015-bispos-afastam-cenarios-de-mudancas-espetaculares/


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