"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mensagem Carmelitana para as Mães

Dia das Mães - A Mãe na História de uma Santa Carmelita

Que nome bonito é o nome de mãe. Que mês bonito é o de maio. Bonito, por que se dedica a mãe do Criador e mãe de todos nós. Mãe e mulher que no seu silêncio contemplativo e de admiração soube em segundos dizer aquele que seria o Sim mais importante da História da Humanidade. Mas de qual mãe nos lembramos neste dia? Teríamos inúmeras, algumas mães de religiosos e religiosas, outras que não assumiram um matrimônio humano, mas divino, através de sua escolha, da reprodução do Sim Marial e que gestaram inúmeros filhos espirituais, por meio de seu carisma e oração.

Também poderia se lembrar das mães anônimas, que nas suas casas ou sem casas exerceram o ato divino de trazer ao mundo, por dádiva, filhos. Em particular, na história do carmelo, mães marcantes por seus exemplos e doações são notadas. Algumas mais outras menos, isto não importa, pois trouxeram ao mundo, alguns filhos e filhas que deixaram uma doutrina e uma espiritualidade marcante e eterna. Apenas para recordar, de Beatriz de Ahumada veio Teresa, de Zélia Guérin, outra Teresa (pequena no tamanho e no nome – mas enorme na fé), de Catarina Alvarez – São João da Cruz; Maria Rolland nos ofertou a Beata Elisabete da SS. Trindade e outras mães que não nos concederam santos, mas modelos de vida, como a Serva de Deus Lelia Cossidente Amendolagine que intercede pelos casais carmelitas seculares.

Para aludir a este dia tão especial (embora todos sejam pela existência das mães) poderia se utilizar como modelo qualquer uma das mães citadas anteriormente. Mas por uma questão singela lembraremos de Lúcia Solar Armstrong que naquele dia 13 de julho, na cidade de Santiago, Chile, ofertou ao mundo Juana Enriqueta Josefina dos Sagrados Corações, a dócil Juanita, que poucos anos mais tarde seria Teresa de Jesus de Los Andes.

Mas ao recordar da mãe biológica de Teresa de Los Andes, torna-se impossível não lembrar de sua mãe espiritual, Madre Angélica Teresa do Ssmo. Sacramento. Assim, ao consultar a obra de Teresa de Los Andes, entre suas cartas, encontrar-se-á 21 correspondências com a Irmã Angélica, superiora do Carmelo de Los Andes. Esses textos constituem uma fonte límpida para se entender e admirar a relação entre mãe e filha.Com 17 anos, Juanita inicia sua correspondência com a Irmã Angélica. E relata seu desejo de viver naquele “pombalzinho” dos Andes, porém relata suas dificuldades, destacando-se a frágil saúde. Escreve ainda que nunca havia conhecido uma carmelita, exceto a vida de Santa Teresa de Jesus e de Elisabete da SS Trindade. E destaca que se dará por inteira ao seu Jesusinho. Logo na correspondência seguinte, Juanita friza que ao ler inúmeras vezes a carta recebida de Irmã Angélica, sente-se bem e pode apreciar todo o encanto da vida carmelitana. Pede a Priora que: “indique a maneira de ser inteiramente de Jesus, modelando seu amor e seus gestos com os do coração do Pai, afastando-se das vaidades do mundo”.

Em seu contínuo diálogo com a Irmã Angélica ressalta o desejo ardente de encerrar-se no “ceuzinho” do mosteiro.No ano seguinte, 1918, Juanita assegura que fica sem jeito com os carinhos recebidos de sua mãe espiritual, compreendendo que a jornada de uma carmelita é viver a união divina, vida do céu na terra, por Deus e em Deus e diz a Priora que lhe contará um segredo. Asseguro-lhe, Madre, que sinto uma confiança enorme na senhora, e é porque encontro em seu coração de mãe a ternura de N. Senhor para com minha alma. No mês de setembro, ainda de 1918, escreve a Irmã Angélica narrando sua imensa alegria, ao receber da mesma uma correspondência dizendo que havia um cantinho no “pombalzinho” dos Andes para ela. Pede que as orações da Priora levem a ela as três virtudes, da pureza, humildade e caridade. Em sua primeira visita ao Carmelo de Los Andes, Juanita dirá que o conventinho é uma casa velha e feia, mas tal pobreza falou e comoveu seu coração. Ainda dirá que teve momentos de choro quando ouviu pela primeira vez a voz da Madrezinha. Não fazia um segundo que estava ali, e minha alma gozava de uma paz inalterável. Só Deus que via meu coração poderia compreender minha felicidade. A Priora disse a Juanita: “suas dúvidas quanto à vocação são infundadas, pois já nasceste carmelita”. Em abril de 1919, escreve à Irmã Angélica relatando que já tem a permissão de seu pai para entrar no carmelo e que desejava voar para o pombalzinho em 7 de maio e viver “abscondida in Christo”.

Próximo a entrada definitiva no carmelo, escreve à Irmã Angélica para agradecer a carinhosa e consoladora cartinha que havia recebido dela. Diz ainda para a Priora que dois dias faltam para as portas do conventinho se fecharem com ela e fazer-se prisioneira de Deus. E assim, com esta história de pureza dialogal entre Teresa de Los Andes e sua eterna Madrezinha, peçamos ao Bom Pastor e a Mãe de todas e de todos, a Virgem do Carmo, que todas as carmelitas neste dia tão belo, sintam-se a cada dia mais, verdadeiras mães de seus filhos espirituais e como a Santa Madre Teresa de Jesus busquem na oração a verdadeira contemplação e significado da vida.
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Professor Hercílio Martelli Júnior

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