"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sábado, 12 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 4 - A FAMÍLIA ANIMA A SOCIEDADE

 

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

4. A FAMÍLIA ANIMA A SOCIEDADE

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

43Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
44Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos, fazei o bem a quantos
vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem. 45Deste modo,
sereis os filhos do vosso Pai que está nos céus, pois Ele faz nascer o
sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os
justos e sobre os injustos. 46Se amais somente aqueles que vos amam,
que recompensa tereis? Não agem assim também os próprios publicanos?
47E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de
extraordinário? Não agem assim também os pagãos? 48Portanto, sede
perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. 1Guardai vos
de praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes
admirados por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa
junto do vosso Pai que está nos céus. 2Quando, pois, deres esmola,
não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Na verdade,
digo-vos: eles já receberam a sua recompensa. 3Pelo contrário,
quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a
tua mão direita. 4Assim, a tua esmola seja praticada em segredo; e o
teu Pai, que vê no segredo, recompensar-te-á (Mt 5, 43-6, 4).

D. Catequese bíblica

1.       Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, digo-vos. Por que motivo temos que educar os nossos filhos para a generosidade, o acolhimento, a gratidão, o serviço, a solidariedade, a paz e todas aquelas virtudes sociais, tão importantes para a qualidade humana da sua vida? Que vantagem obtêm eles de tudo isto? Talvez não haja um aumento de riqueza, de prestígio e de segurança. E no entanto, só se cultivarem estas virtudes os homens terão um futuro na terra. Elas crescem graças à perseverança daqueles que, como os pais, educam as novas gerações para o bem. A mensagem cristã encoraja-nos a algo maior, mais bonito, mais arriscado e mais promissor: a humanidade da família, graças àquela centelha divina nela presente, e que nem sequer o pecado eliminou, pode renovar a sociedade em conformidade com o desígnio do seu Criador. O amor divino impele-nos pelo caminho do amor do inimigo, da dedicação pelo desconhecido, da generosidade para além do que é devido. A família participa da generosidade superabundante do nosso Deus: por isso, pode olhar para mais longe e viver uma alegria maior, uma esperança mais vigorosa e uma coragem maior nas escolhas.
Muitas das palavras de Jesus citadas nos Evangelhos iluminam a vida familiar. De resto, a sua sabedoria a respeito da vida humana aumentou graças ao clima familiar em que transcorreu uma boa parte da sua existência: ali conheceu o diversificado mundo dos afectos, experimentou o acolhimento, a ternura, o perdão, a generosidade e a dedicação. Na sua família constatou que é melhor dar que pretender, perdoar que vingar-se, oferecer que reter, dedicar-se sem poupar a própria vida. O anúncio do Reino por parte de Jesus nasce no contexto da sua experiência directa de família e abrange todos os relacionamentos, a começar precisamente pelas relações familiares, iluminando-as com uma nova luz e dilatando-as para além dos confins da lei antiga. Jesus convida a superar uma visão egoísta dos vínculos familiares e sociais, a ampliar os afectos para além do círculo limitado da própria família, a fim de que se tornem fermento de justiça para a vida social.
A família é a primeira escola dos afectos, o berço da vida humana, onde o mal pode ser enfrentado e superado. A família é um recurso precioso de bem para a sociedade. Ela constitui a semente da qual nascerão outras famílias, chamadas a melhorar o mundo. No entanto, pode acontecer que os laços familiares impeçam o desenvolvimento do papel social dos afectos. Isto acontece quando a família arrebata para si energias e recursos, fechando-se na lógica da vantagem familiar, que não deixa qualquer herança para o futuro da sociedade.
Jesus quer libertar o casal e a família da tentação de se fecharem em si mesmos: «Se amais somente aqueles que vos amam… se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário?».
Com palavras revolucionárias, Jesus recorda aos seus ouvintes a «antiga» semelhança com Deus, convidando-os a dedicar-se aos outros segundo o estilo divino, para além dos temores e dos receios, dos cálculos e das garantias de uma própria vantagem.
Causando admiração naqueles que O ouvem, Jesus ensina nos como é possível ser filho à semelhança do Pai. Ele subtrai-nos do sono da resignação e do egoísmo e, vigorosamente, diz-nos que amar o inimigo e rezar por quantos nos perseguem estão ao nosso alcance, que podemos erradicar a violência do nosso coração perdoando as ofensas, que a nossa generosidade pode superar a lógica económica do simples intercâmbio.
2.       Sereis os filhos do vosso Pai que está nos céus. Jesus exige este estilo de vida singular e assim revela que os homens estão destinados precisamente a estas alturas. Confia no ensinamento que as famílias, por desígnio de Deus, são capazes de oferecer no caminho do seu amor.
Na família educa-se a dizer «obrigado» e «por favor», a ser generoso e disponível, a emprestar as próprias coisas, a prestar atenção às necessidades e às emoções dos outros, a ter em consideração os cansaços e as dificuldades de quem está próximo. Nos pequenos gestos da vida quotidiana, o filho aprende a estabelecer um bom relacionamento com os outros e a viver na partilha. Promover as virtudes pessoais é o primeiro passo para educar para as virtudes sociais. Na família ensina-se aos mais pequeninos a emprestar os seus brinquedos, a ajudar os seus companheiros na escola, a pedir com gentileza, a não ofender quem é mais fraco, a ser generoso nos favores. Por isso, os adultos esforçam-se em dar exemplo de atenção, dedicação, generosidade e altruísmo. Assim a família torna-se o primeiro lugar onde se aprende o sentido mais verdadeiro da justiça, da solidariedade, da simplicidade, da honestidade, da veracidade e da rectidão, juntamente com uma grande paixão pela história do homem e da polis.
Os pais, como José e Maria, admiram-se ao ver os filhos enfrentar com segurança o mundo adulto. Às vezes, os filhos revelam que podem ser mestres surpreendentes também para os adultos: «Encontraram- no no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos aqueles que o ouviam ficavam maravilhados diante da sabedoria das suas respostas» (Lc 2, 46-47). Como a família de Nazaré, assim cada família confia à sociedade, através dos seus filhos, a riqueza humana que ela mesma viveu, inclusive a capacidade de amar o inimigo, de perdoar sem se vingar, de se alegrar com os sucessos do próximo, de doar mais de quanto se lhe pede...
Com efeito, também na família têm lugar divisões e rupturas, também nela nascem inimigos, e o inimigo pode ser o cônjuge, o pai, a mãe, o filho, o irmão ou a irmã... No entanto, na família as pessoas amam-se, desejam sinceramente o bem umas das outras, sofrem quando alguém está mal, mesmo que se tenha comportado como um «inimigo»; rezam por quantos as ofendem; estão dispostas a renunciar aos próprios bens, contanto que isto torne feliz os outros; compreendem que a vida é boa, quando é despendida pelo bem deles.
A família constitui a «célula primeira e vital da sociedade» (FC, 42), porque nela se aprende como é importante o vínculo com os outros. Na família sente-se que a força dos afectos não pode permanecer encerrada «entre nós», mas está destinada ao mais amplo horizonte da vida social. Se forem vividos somente no contexto do pequeno núcleo familiar, os afectos deterioram-se e, em vez de dilatar o aleance da família, acabam por sufocá-lo. O que torna vital a família é a abertura dos vínculos e a extensão dos afectos que, diversamente, encerram as pessoas em prisões mortificadoras!
3.       O teu Pai…vê no segredo. A conservação dos vínculos e dos afectos familiares é melhor garantida, quando a família é boa e generosa com as outras famílias, atenta às suas feridas, aos problemas dos seus filhos, por mais diferentes que sejam dos nossos.
Entre pais e filhos, entre marido e esposa, o bem aumenta na medida em que a família se abre à sociedade, prestando atenção e oferecendo ajuda às necessidades dos outros. Deste modo, a família adquire motivações importantes para desempenhar a sua função social, tornando-se fundamento e recurso principal da sociedade. A capacidade de amar adquirida ultrapassa com frequência a necessidade da própria família. O casal torna-se disponível para o serviço e a educação de outros jovens, além dos seus: também deste modo os pais se tornam pais e mães de muitos.
«Sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus»: a perfeição que aproxima as famílias do Pai que está nos céus é aquele «suplemento» de vida oferecido para além do próprio núcleo familiar, um vestígio daquele amor superabundante que Deus derrama sobre as suas criaturas.
Muitas famílias abrem a porta de casa à hospitalidade, cuidam do mal-estar e da pobreza do próximo, ou então simplesmente batem à porta ao lado, para perguntar se há necessidade de algo, oferecem algumas roupas ainda em boas condições, hospedam os companheiros de escola dos filhos para fazer os deveres escolares…
Ou ainda, acolhem uma criança que não tem família, ajudam a manter o calor familiar onde permaneceu somente o pai, ou apenas a mãe, associam-se para ajudar outras famílias nas numerosas dificuldades contemporâneas, ensinando aos filhos o auxílio recíproco em relação a quantos são diferentes por raça, língua, cultura e religião. Assim, o mundo torna-se mais agradável e habitável para todos, beneficiando a qualidade de vida em vantagem da sociedade inteira.
Não é por acaso que o texto evangélico, depois da exortação à perfeição, fala da esmola, que nos tempos antigos, numa economia de subsistência, era um modo para redistribuir os recursos, uma prática de justiça social. Jesus exorta a não procurar o reconhecimento dos outros, utilizando o pobre para adquirir prestígio, mas a agir secretamente. No segredo do coração, o encontro com Deus confirma a própria identidade de filho, tão semelhante ao Pai; uma meta alta, aparentemente inatingível, que contudo a vida em família torna mais próxima.

E. Escuta do Magistério

A família oferece como dom à sociedade o precioso fruto do amor gratuito que se reveste de docilidade, de bondade, de serviço, de abnegação e de estima recíproca. Por outro lado, como demonstra o seguinte trecho da Familiaris consortio, o ensinamento magisterial sempre desejou ressaltar como a família, além de ser a escola dos afectos, se conota inclusive como a «primeira escola de virtudes sociais». Efectivamente, ela possui uma dimensão pública específica e originária, que influi positivamente sobre o bom funcionamento da sociedade e sobre a estabilidade dos vínculos sociais.
O dever social da família
«A família possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade, porque constitui o seu fundamento e alimento contínuo mediante o dever de serviço à vida: saem, de facto, da família os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade.
Assim por força da sua natureza e vocação, longe de se fechar em si mesma, a família abre-se às outras famílias e à sociedade, assumindo a sua tarefa social. A mesma experiência de comunhão e de participação, que deve caracterizar a vida quotidiana da família, representa o seu primeiro e fundamental contributo à sociedade.
As relações entre os membros da comunidade familiar são inspiradas e guiadas pela lei da "gratuidade" que, respeitando e favorecendo em todos e em cada um a dignidade pessoal como único título de valor, se torna acolhimento cordial, encontro e diálogo, disponibilidade desinteressada, serviço generoso, solidariedade profunda».
[Familiaris Consortio, 42, 43]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. Quais são os valores que os nossos filhos aprendem do nosso modo de viver?
  2. Que atenção presta a nossa família à vida social?
  3. Que ajuda oferecemos aos pobres e aos necessitados?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Quais são as necessidades mais urgentes na nossa comunidade?
  2. O que podemos realizar a favor de quem se encontra em necessidade?
  3. Que famílias podemos ajudar? Como?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

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