"Poderíamos aqui meditar sobre como seria saudável também para a nossa sociedade atual se num dia as famílias permanecessem juntas, tornassem o lar como casa e como realização da comunhão no repouso de Deus" (Papa Bento XVI, Citação do livro Jesus de Nazaré, Trad. José Jacinto Ferreira de Farias, SCJ, São Paulo: Ed. Planeta, 2007, p. 106)

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CATEQUESE PREPARATÓRIA PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS - CATEQUESE 10 - A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

  

A FAMÍLIA: O TRABALHO E A FESTA

Catequeses preparatórias
para o VII Encontro Mundial das Famílias

(Milão, 30 de Maio – 3 de Junho de 2012)

10. A FESTA, TEMPO PARA A COMUNIDADE

A. Canto e saudação inicial

B. Invocação do Espírito Santo

C. Leitura da Palavra de Deus

46Unidos de coração, frequentavam todos os dias o templo. Partiam
o pão nas casas e consumavam as refeições com alegria e singeleza
de coração, 47louvando a Deus e cativando a simpatia de
todo o povo. E o Senhor acrescentava cada dia à comunidade
outros que estavam a caminho da salvação (Act 2, 46-47).
33Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição
do Senhor Jesus. Em todos eles havia uma grande a graça
(Act 4, 33).
42E todos os dias não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho
de Jesus Cristo no templo e nas casas (Act 5, 42).
43«Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se
grande entre vós, seja o vosso servo; 44 e todo o que entre vós quiser
ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do
homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos» (Mc 10, 43-45).
1Havia então na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre eles
Barnabé, Simão, chamado o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém,
companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. 2Enquanto
celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes
o Espírito Santo: «Separai-me Barnabé e Saulo para a obra à qual
os destinei». 3Então, jejuando e orando, impuseram-lhes as mãos
e despediram-nos. 4Enviados assim pelo Espírito Santo, foram a
Selêucia e dali navegaram para a ilha de Chipre. 5Tendo chegado
a Salamina, começaram a pregar a palavra de Deus nas sinagogas
dos judeus. Estava com eles João, que os assistia (Act 13, 1-5).

D. Catequese bíblica

1.      Dia da comunhão. O dia do Senhor faz viver a festa como um tempo para os outros, dia da comunhão e da missão. A eucaristia é memória do gesto de Jesus: isto é o meu corpo entregue, isto é o meu sangue derramado por vós e por todos. O «por vós e por todos» vincula intimamente a vida fraterna (por vós) e a abertura a todos (pela multidão). Na conjunção «e» encontra-se toda a força da missão evangelizadora da família e da comunidade: é doado a nós, a fim de que venha a ser para todos.
A Igreja que nasce da eucaristia dominical está aberta a todos. A primeira forma de missão consiste em construir a comunhão entre os fiéis, em fazer da comunidade uma família de famílias. Esta é também a lei fundamental da missão: a Igreja unida e concorde é o testemunho mais persuasivo para o mundo. A Igreja só pode tornar-se escola de missão, se for casa de comunhão. Os trechos tirados dos Actos dos Apóstolos, acima citados, oferecem-nos a imagem das primeiras comunidades que vivem a sua experiência cristã entre a casa e o templo. A festa e o domingo constituem o momento para renovar a vida eclesial, de tal modo que a comunidades dos fiéis venha a assumir o clima da vida familiar, e a família se abra ao horizonte da comunhão eclesial.
A Igreja local e a paróquia constituem a presença concreta do Evangelho no cerne da existência humana. Elas são as figuras mais conhecidas da Igreja, pela sua índole de proximidade e de acolhimento em relação a todos. Em muitos países, as paróquias indicaram a «vida boa» segundo o Evangelho de Jesus, conservando o sentido de pertença à Igreja. Como afirma o Concílio Vaticano II, nas Igrejas locais, «a Igreja caminha juntamente com a humanidade inteira, participando da mesma sorte terrena do mundo» (Gaudium et spes, 40).
Na paróquia as famílias, que são «igreja doméstica», fazem com que a comunidade paroquial seja uma igreja no meio das casas do povo. A vida quotidiana, com o ritmo de trabalho e de festa, permite ao mundo entrar na casa, abrindo a casa ao mundo.
Por outro lado, a comunidade cristã deve cuidar das famílias, subtraindo-as à tentação de se fechar no seu «apartamento» e abrindo-as aos caminhos da fé. Na família, a vida é transmitida como dom e promessa; na paróquia, a promessa contida no dom da vida é acolhida e alimentada. O dia do Senhor torna-se dia da Igreja, quando ajuda a experimentar a beleza de um domingo vivido juntos, evitando a banalidade de um fim-de-semana consumista, para realizar às vezes também experiências de comunhão fraterna entre as famílias.
2.     Dia da caridade. O dia do Senhor, como dies Ecclesiae, torna-se dia da caridade. A Igreja que se alimenta da Eucaristia dominical é a comunidade ao serviço de todos. A família, embora não sozinha, é a rede em que se transmite este serviço. O bonito texto do Evangelho de Marcos, acima citado, explica o modo como na eucaristia dominical Jesus está no meio de nós como aquele que serve. Este é o critério do serviço na comunidade: quem quiser ser o maior, torne-se o menor (vosso servo), e quem quiser ser o primeiro, dedique- se aos pobres e aos mais pequeninos (servo de todos). O serviço da caridade é um elemento caracterizador do domingo cristão.
Alguns períodos litúrgicos (o Advento e sobretudo a Quaresma) propõem-no como uma tarefa essencial das famílias e da comunidade. Assim, o domingo torna-se o «dia da caridade». O serviço da caridade exprime o desejo da comunhão com Deus e entre os irmãos. Ao longo da semana, a família vai ao encontro das necessidades de todos os dias, mas a vida familiar não pode limitar-se a oferecer bens e a cumprir compromissos: deve fazer crescer o vínculo entre as pessoas, a vida boa na fé e na caridade. Sem uma experiência de serviço em casa, sem a prática da ajuda recíproca e a participação nos deveres comuns, dificilmente nasce um coração capaz de amar. Na família, os filhos experimentam no dia-a-dia a dedicação incansável da parte dos pais e o seu serviço humilde, aprendendo do seu exemplo o segredo do amor. Quando, na comunidade paroquial, os adolescentes e os jovens, tiverem que ampliar o horizonte da caridade às outras pessoas, poderão compartilhar a experiência de amor e de serviço aprendida em casa. O ensino prático da caridade, sobretudo nas famílias com um filho único, deverá abrir-se imediatamente a pequenas ou grandes formas de serviço ao próximo.
3.     Dia do envio em missão. A dimensão missionária da Igreja está no centro da eucaristia dominical e abre as portas da vida familiar ao mundo. A comunidade dominical é, por definição, uma comunidade missionária.
No bonito ícone do Livro dos Actos dos Apóstolos, acima citado, é descrita a comunidade de Antioquia que, enquanto celebra o culto do Senhor, talvez dominical, é impelida pelo Espírito rumo à missão. No dia do culto, a comunidade torna-se missionaria. A missão não se refere unicamente aos indivíduos enviados, mas mostra a sua eficácia quando a Igreja inteira, com a variedade dos seus carismas, ministérios e vocações, se torna o sinal real da caridade de Cristo para todos os homens. As formas missionárias da comunidade são diferentes, mas todas devem conduzir os homens para Cristo. A família é chamada a evangelizar de maneira própria e insubstituível: no seu interior, no seu ambiente (vizinhos, amigos e parentes), na comunidade eclesial e na sociedade em geral.
A comunidade eucarística ampliará o seu olhar rumo a um horizonte universal, assumindo a solicitude de São Paulo por todas as Igrejas. Se a missio ad gentes constitui o horizonte da missão para a Igreja, também a Igreja local é, no seu próprio território, enviada a anunciar o Evangelho. A educação para o acolhimento do próximo, do diverso, do imigrado deverá começar a partir das famílias e receber um impulso da parte da comunidade. Antes ainda, é na família que, não raro, nasce a intuição de uma vida despendida em benefício dos outros, dedicada à missão e ao compromisso no mundo. Em muitas famílias cristãs, com uma vigorosa experiência de humanidade e de amor, e com a frequência da eucaristia dominical, brotaram maravilhosas histórias de vocação para o serviço no seio da sociedade, para o compromisso no voluntariado, para o testemunho na política e para a missão nos outros países do mundo. A relação entre domingo e eucaristia, entre Igreja e missão, entre família e serviço ao próximo exige uma renovada obra de introdução naquilo que é essencial na vida cristã, que conduza a uma nova consciência missionária. A força extraordinária do domingo, centrado na eucaristia doméstica, levou os mártires de Abitene até ao martírio.
«Agiste contra as prescrições dos imperadores e dos Césares, congregando todas estas pessoas?». E o presbítero Saturnino, inspirado pelo Espírito do Senhor, retorquiu: «Celebramos a eucaristia dominical, sem nos preocuparmos com elas». E o procônsul perguntou-lhe: «Por quê?». Ele respondeu: «Porque a eucaristia dominical não pode ser descuidada» (IX).
«Na tua casa foram realizadas reuniões contra o decreto dos imperadores?». Emérito, repleto de Espírito Santo, disse: «Na minha casa celebramos a eucaristia dominical». Ele perguntou: «Por que lhes permitias que entrassem?». Retorquiu: «Porque são meus irmãos, e eu não os poderia impedir». «E no entanto – retomou o procônsul – tu tinhas o dever de os impedir». E ele disse: «Eu não poderia impedi-los, porque nós cristãos não podemos viver sem a eucaristia dominical» (Acta Saturnini, Dativi, et aliorum plurimorum martyrum in Africa, XI).
Nos primeiros séculos, a eucaristia dominical permitiu que a Igreja se difundisse até aos confins do mundo. Também hoje, a vida quotidiana da família e da Igreja é convidada a recomeçar a parir daqui: os cristãos não podem viver sem a eucaristia dominical.

E. Escuta do Magistério

O domingo é a repetição, no ciclo breve, do tempo semanal do grande mistério da Páscoa. É chamado também «pequena Páscoa dominical». «Viver segundo o domingo» significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar a própria existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se manifeste plenamente a todos os homens através de uma conduta intimamente renovada. O domingo como festa para os outros não deve ser entendida unicamente em função litúrgica: ela constitui um valor humano, além de uma dádiva cristã. Não viver os dias como se fossem iguais (e somente o domingo tem o segredo da diversidade), dedicar tempo à comunidade e à caridade é um caminho eficaz para a libertação do homem da servidão do trabalho.
Viver segundo o domingo
«Esta novidade radical, que a Eucaristia introduz na vida do homem, revelou-se à consciência cristã desde o princípio; prontamente os fiéis compreenderam a influência profunda que a celebração eucarística exercia sobre o estilo da sua vida. Santo Inácio de Antioquia exprimia esta verdade designando os cristãos como "aqueles que chegaram à nova esperança", e apresentava-os como aqueles que vivem "segundo o domingo" (iuxta dominicam viventes). Esta expressão do grande mártir antioqueno põe claramente em evidência a ligação entre a realidade eucarística e a vida cristã no seu dia-a-dia. O costume característico que têm os cristãos de se reunir no primeiro dia depois do sábado para celebrar a ressurreição de Cristo – conforme a narração do mártir São Justino – é também o dado que define a forma da vida renovada pelo encontro com Cristo. Mas, a expressão de Santo Inácio – "viver segundo o domingo" – sublinha também o valor paradigmático que este dia santo tem para os restantes dias da semana.
De facto, o domingo não se distingue com base na simples suspensão das actividades habituais, como se fosse uma espécie de parêntesis dentro do ritmo normal dos dias; os cristãos sempre sentiram este dia como o primeiro da semana, porque nele se faz memória da novidade radical trazida por Cristo. Por isso, o domingo é o dia em que o cristão reencontra a forma eucarística própria da sua existência, segundo a qual é chamado a viver constantemente: "Viver segundo o domingo" significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e realizar a própria existência como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se manifeste plenamente a todos os homens através de uma conduta intimamente renovada.
[Sacramentum Caritatis, 72]

F. Perguntas para o casal e o grupo

PARA O CASAL
  1. A nossa família sente o domingo como um tempo com e para os outros?
  2. Como é o relacionamento entre a nossa família, as demais famílias e a comunidade cristã?
  3. Que gestos de serviço e de caridade vivemos dentro de casa, durante a semana? Que compromissos de caridade sugerimos em prol dos outros, sobretudo dos mais necessitados?
  4. A nossa casa mantém a porta aberta ao mundo, aos seus problemas e às suas necessidades?
PARA O GRUPO FAMILIAR E A COMUNIDADE
  1. Hoje em dia, a dimensão comunitária do domingo é pouco vivida. Que remédios e sugestões podemos encontrar?
  2. As comunidades cristãs transmitem às famílias a experiência da comunhão»? As famílias estimulam as comunidades cristãs a um estilo de vida mais fraterno?
  3. A caridade tornou-se uma atenção constante da vida paroquial? As associações e instituições caritativas (Caritas) constituem uma expressão de toda a comunidade?
  4. Como se ajudam as famílias entre si na educação para o valor de uma vida despendida pelos outros, suscitando vocações para a missão?

G. Um compromisso para a vida familiar e social

H. Orações espontâneas. Pai-Nosso

I. Canto final

FONTE: http://www.family2012.com/pt/catequeses.php

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